A experiência de ser assaltado é uma das mais traumáticas que uma pessoa pode viver. Quando bandidos entram em sua casa com armas apontadas para a sua cabeça não há o que fazer. Infelizmente, eu, repórter, acostumado a escrever sobre os infortúnios alheios, passei por esta situação.

Ao invadirem nossa casa, a primeira coisa que pediram foram as chaves do carro. A mim, restou apenas me render e entregar tudo o que eles pediram.

Em meio ao debate de armamento ou não da população, no caso deste repórter, não havia o que fazer. Tudo foi tão rápido que se houvesse uma arma na casa, ela certamente também seria levada. E os bandidos localizariam qualquer arma facilmente, já que vasculharam toda a casa.

Àqueles que acham que haveria tempo para chamar socorro, no caso deste repórter, mesmo com um smartphone nas mãos, não houve como mandar mensagem alguma, seja por ligações telefônicas, seja por meio de redes sociais, pois qualquer movimento poderia desencadear a ira dos ladrões.

Fui amarrado e ameaçado o tempo todo. Os bandidos pediram que eu permanecesse o tempo todo com a cabeça encostada no chão e que não os olhasse. Usaram minha própria camisa para me amordaçar. Arrancaram os telefones fixos para que eu não chamasse a polícia e, sagazes, evitaram levar qualquer equipamento que pudesse ter rastreadores.

Ao sair, os assaltantes desligaram a chave geral da casa para deixar tudo apagado e ameaçaram retornar caso fizesse qualquer barulho. Ainda amarrado, foi preciso torcer para alguém chegar para poder nos socorrer. Diante de tanta violência, resta o trauma. Os bandidos não levam só bens materiais. Levam a sua paz interior, a sua tranquilidade. Há um sentimento de impotência e de ter sua vida violada. E isso é o que mais dói.

Depois de toda essa violência, é preciso acionar a polícia, seguradoras, cancelar cartões, trocar senhas e toda uma burocracia que não cabe em um dia só. E nesse processo a angústia só aumenta. Parte do conforto acontece quando alguns de seus bens são recuperados. Nesse aspecto é preciso valorizar o trabalho da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Guarda Municipal, que conseguem realizar essa tarefa em alguns casos mesmo sem as condições adequadas. (A pedido do repórter, seu nome foi omitido.)