Londrina – "A juventude chegou para derrubar essa tarifa junto com o trabalhador." Cantando contra o aumento de 35 centavos na tarifa do transporte coletivo de Londrina, jovens do Comitê Passe Livre e apoiadores do movimento realizaram ontem a terceira manifestação contra o aumento. Às 17 horas, os veículos já não circulavam mais na área do Terminal Central, deixando passageiros confusos, já que tinham de descer antes do ponto final ou embarcar nas imediações. Fiscais e agentes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) tentavam orientar as centenas de pessoas.
Apesar da ausência de policiais militares e guardas municipais, a situação estava sob controle. Logo depois da concentração na Praça Rocha Pombo, os manifestantes percorreram algumas das principais ruas do centro, de forma pacífica. A organização da CMTU, vista no protesto anterior, mostrava-se frágil dessa vez. Carros eram obrigados pelos jovens a parar, bloqueando as esquinas, resultando em confusão e buzinaço.
Nenhum incidente maior aconteceu até os jovens chegarem na Avenida Higienópolis, onde não havia nenhum agente de trânsito ou policial. Até que fogo foi ateado no entrocamento com a rua Espírito Santo, bloqueando o trânsito por um tempo maior.
Conforme desciam em direção à rotatória com a Juscelino Kubitschek, ateavam mais fogo em sacos de lixo com material reciclável, deixando comerciantes e moradores revoltados. "Quer manifestar, manifesta. Mas não precisa disso", gritava Angela Maria, enquanto recolhia o que restava no chão.
O ponto de maior tensão do protesto foi a chegada na rotatória. Motoristas foram surpreendidos e forçados a pararem seus veículos. Passageiros de quatro ônibus, que estavam em frente ao Colégio Estadual Vicente Rijo, desciam com receio de que os veículos também fossem incendiados. "Fiquei com muito medo", disse Lurdes Palma, que voltava do trabalho. Enquanto isso, Darci Zevolo, motorista de um dos ônibus parados, esperava dentro do veículo pelo desfecho da manifestação. "Fico apreensivo, mas não posso sair daqui", desabafou.
Por quase uma hora o trânsito ficou impedido na região. Nesse período, muitas batidas de tambores e gritos de protesto compuseram o cenário. Pneus dos ônibus foram esvaziados e um deles teve o vidro quebrado e pichado.
Questionado no início do protesto sobre a possível atuação agressiva de alguns manifestantes, Murilo Pajolla, representante do Comitê, disse que "vandalismo maior é o que o prefeito está fazendo com a população". "A catraca representa a mercantilização do direito do cidadão", comentou, referindo-se à catraca de papelão que seria queimada. A pedido do prefeito Alexandre Kireeff, parte dos manifestantes irá ao gabinete hoje para uma reunião.