São Paulo - Será lançado hoje, durante o 5º Fórum Inovação - Agricultura e Alimentos para o Futuro Sustentável, em São Paulo, o "Desafio 2050 – Todos juntos para alimentar o mundo", com a participação de várias entidades e órgãos, incluindo representantes brasileiros. De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) sobre o uso de terras e água, divulgado em 2009 na primeira edição do Fórum, a produção global de alimentos terá de aumentar 70% até 2050 para dar conta de suprir toda a população estimada de mais de 9 bilhões.
Para isso, será preciso ampliar ampliar em cerca de 120 milhões de hectares as terras agricultáveis nos países em desenvolvimento. Uma meta alta, levando-se em consideração que muitos países ainda possuem altos índices de pobreza e consequente insegurança alimentar. Nessas nações, os habitantes não têm uma dieta saudável e mínima de calorias e nutrientes recomendados. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) contabilizam que cerca de 1 bilhão de pessoas estão em condição de fome no mundo.
Segundo Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil - além do aumento da produção e da produtividade por meio de novas técnicas e tecnologia no campo, e bom uso dos alimentos - é preciso pensar em alternativas de fontes como, também, garantir o acesso a eles. "Temos que intensificar nossa produção, porém sem mais desastres ecológicos. Ao mesmo tempo, desenvolver programas sociais que aumentem a renda da população. Ainda há muitas pessoas que vivem com uma renda de menos de um dólar por dia", apontou.
Para tanto, ele comenta que as medidas devem extrapolar a área rural a fim de atingir as metas estipuladas. Entre as opções, Bojanic ressalta o incentivo à produção urbana, produção orgânica e, sobretudo, a de peixes em terra. "Podemos pensar ainda em consumo de insetos ricos em proteínas, muito comum em alguns países. Certamente, isso passa por uma questão cultural."

Produção
Apesar de o Brasil ser considerado o país com o maior potencial de crescimento produtivo alimentar no mundo - devido ao grande volume de terras agriculturáveis e de água potável – o aumento ainda não atende às expectativas da FAO. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que, entre 2009 e 2013, houve pouco mais de 10% de crescimento na média da produção brasileira dos principais grãos, cereais, oleaginosas e proteínas animais (somando as três principais, carnes e leite) nos últimos quatro anos.
Enquanto a produção brasileira de carne bovina cresceu 5,43% em volume, o consumo interno teve evolução de 7,27%. A diferença entre produção e consumo só não é maior porque as exportações se mantiveram estáveis. Na carne suína, nova diferença negativa, com produção subindo 11,28%, consumo interno 14,39% maior no período e exportações no mesmo patamar. A grande disparidade está na avicultura: crescimento de 20,41% no volume de produção da carne de frango, enquanto o consumo interno do produto subiu 24,11% e as exportações 13,22%.