Imagem ilustrativa da imagem População de idosos deve superar crianças e adolescentes em 2030
| Foto: Gustavo Carneiro
Aos 85 anos e com clientela fiel no salão de beleza, Mário Takinami nem pensa em se aposentar: "Isso aqui é minha terapia. Encontro as pessoas, converso e faço o que gosto"
Imagem ilustrativa da imagem População de idosos deve superar crianças e adolescentes em 2030
| Foto: Saulo Ohara
"Tomo seis remédios diários e tenho que pagar mais de R$ 200 por mês com plano de saúde. Já estou acostumado a não ficar parado", conta o empacotador Sérgio Pontes



"Não me acho tão velho. Tenho muita disposição. Venho aqui no salão. Vou até o banco e volto... Só não posso mesmo é ficar parado em casa. Se parar, aí fico doente né", alertou o cabeleireiro Mário Takinami. Aos 85 anos e com clientela fiel, Mário nem pensa em se aposentar. "Isso aqui é minha terapia. Encontro as pessoas, converso e faço o que gosto", justificou. Hábitos saudáveis e exames semestrais o ajudam a manter a alegria de viver.
O cabeleireiro faz parte da população com 60 anos ou mais que cresce de forma expressiva no Brasil. Segundo estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos deve saltar de 19,6 milhões, conforme o último Censo realizado em 2010, para 41,5 milhões em 2030 e 66,4 milhões em 2050. A partir de 2030, a terceira idade deve superar em 2,2 milhões a quantidade de crianças e adolescentes no País. Ao considerar as projeções de crescimento, o pesquisador Celso Simões citou a importância da realização de investimentos na área da saúde e de melhorias no sistema de previdência social.
Até 1940, a expectativa de vida estava em torno dos 41 anos no Brasil, sendo a expectativa média de 36 anos para a população do Nordeste e de 49 anos para quem vivia no Sul do País. Já em 2014, a idade média da população saltou para 75 anos e a diferença entre as regiões caiu de 13 para cinco anos. "Antes, as divergências entre as regiões do Brasil eram muito fortes, considerando as áreas mais desenvolvidas. Hoje não. Todas as regiões brasileiras têm estimativas de expectativa de vida superior aos 70 anos. Ainda temos desigualdades, mas houve avanços", ponderou o pesquisador.
Em Londrina, 12% da população já passou dos 60 anos. O índice equivale a mais de 70 mil idosos. Dois centros de convivência com oficinas de pintura, música e teatro, salas de informática, aulas de alfabetização e outras atividades atraem os idosos. "A gente tem investido muito em políticas públicas. O importante não é viver mais, é viver com qualidade", afirmou a secretária municipal do Idoso, Maria Inez Mazzer Barroso.
Para muitos, a alternativa para viver com qualidade nessa faixa etária depende de um recomeço no mercado de trabalho. "Gosto de trabalhar, mas tenho necessidade também. Tomo seis remédios diários e tenho que pagar mais de R$ 200 por mês com plano de saúde por causa dos problemas cardíacos. Já estou acostumado a não ficar parado", contou o empacotador Sérgio Pontes, de 63 anos.

PESQUISA
Nos últimos dez anos, mais de 70 técnicos do IBGE se envolveram nas pesquisas reunidas no livro "Brasil: uma visão geográfica e ambiental do início do século XXI". As projeções sobre a expectativa de vida constam no segundo capítulo do livro. A obra também aborda a formação territorial do país, o desenvolvimento urbano e rural e aspectos sobre a exploração do meio ambiente. A organizadora da obra, Adma Hamam de Figueiredo, destacou que as estatísticas são analisadas para traçar um histórico do país. "O objetivo é atingir um público amplo, principalmente, de estudantes, para você ter uma grande visão do país, o que é o brasil hoje, como ele está povoado, história e formação do Brasil até aqueles que analisam a atualidade de um país de dimensões continentais", explicou. Em breve, estudos regionais também serão lançados pelo instituto.