O latrocida Eduardo Rodrigues Siqueira, o Eduardinho, matou o assaltante e sequestrador Leonardo Pareja por vingança, por ele ter denunciado a existência de um túnel e um grupo de bandidos que usar a passagem para fugir. Eduardo foi transferido ontem do Centro Penitenciário Agroindustrial de Goiás (Cepaigo) para a Delegacia Especial de Investigação Criminal (Deic), junto com outros quatro detentos que participaram segunda-feira do assassinato de Pareja, de Grimar Rodrigues de Souza e de Veriano Manoel de Oliveira.
Frio e sem demonstrar arrependimento pelo crime, Eduardo contou que as desavenças entre ele e Pareja começaram pouco depois da morte do presidiário José Antônio da Silva, o Tico, assassinado em setembro. Pareja foi acusado por Eduardo de ter sido o mandante do crime, que teria sido executado por Veriano. ‘‘A partir daí começamos a nos dar mal, pois ele queria eliminar quem ele não gostasse’’, disse Eduardo.
As versões apresentadas por Eduardo e seu principal comparsa, Eurípedes Dutra Siqueira, coincidem com a apresentada pela polícia. ‘‘A morte de Leonardo Pareja foi planejada domingo e nossa intenção era matar todas as pessoas ligadas a ele’’, afirmou Eduardo, acrecentando que o primo de Pareja, Marco Aurélio, que foi transferido ontem do Cepaigo para Campos Belos, no interior de Goiás, escapou de morrer por causa da intervenção da Polícia Militar. ‘‘Só sinto remorso por não ter matado o Marco’’, disse Eurípedes.
Armas As desavenças entre Pareja e o grupo de Eduardo - formado por Ivan Cassiano Costa, José Carlos dos Santos, Raimundo Pereira do Carmo Filho e Eurípedes - acentuaram-se na sexta-feira, quando a polícia descobriu um túnel ligando o pavilhão B, de segurança máxima, até a horta, na área externa do presídio. ‘‘Foi o Leonardo quem nos denunciou para a polícia, pois ele pretendia fugir com o Marco Aurélio’’, afirmou Eduardo.
Segundo os presos, as armas utilizadas no crime foram compradas por Pareja, que pagou R$ 1.500,00 por elas ao agente presidiário Sérgio Luciano de Almeida. ‘‘Quando a gente ia eliminar o Marco Aurélio e o Churrasquinho (apelido do presidiário Jânio Barbosa), os policiais militares começaram a atirar para cima e pensamos que o presídio estava sendo invadido’’, relatou Eurípedes.
Além da pistola 45 e do revólver 38, comprados há dois meses, Pareja iria receber hoje, de Sérgio Almeida, mais três armas e cinco coletes de agentes de segurança. Pareja, segundo os presos, pretendia vestir os coletes e tentar enganar a segurança, enquanto Eduardo e Eurípedes teriam de pular o muro para distrair os agentes ao mesmo tempo em que os demais fugiam. O número dos que pretendiam fugir não foi divulgado. ‘‘Ele queria nos matar’’, disse Eduardo.