Evento atraiu pessoas de cidades de outras regiões do Paraná e também do interior de São Paulo
Evento atraiu pessoas de cidades de outras regiões do Paraná e também do interior de São Paulo | Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli



A 1ª Parada Cultural LGBT de Londrina transformou as ruas centrais da cidade em uma grande festa neste domingo (3) para chamar a atenção da sociedade sobre a importância do respeito à diversidade. Cerca de 5.000 mil gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais e simpatizantes se reuniram para dançar, cantar e se divertir, sempre reforçando o tema "Que nosso amor seja maior que o teu medo de amar". "Nós queremos mostrar que existimos e estamos aqui para distribuir amor, mostrando o que temos de melhor em nós, que é nosso amor e nossa sensibilidade", disse a drag queen Melissa Star, apresentadora do evento.

Uma das organizadoras do evento, idealizado pelo Movimento Construção, Poliana Santos, destacou a importância de se ter uma força de resistência em um momento em que a sociedade enfrenta tantos retrocessos. "A gente vive um momento atual não só no País e em Londrina, mas também no mundo, em que o conservadorismo, a intolerância têm se feito muito presente e essa parada, por exemplo, é um movimento de resistência, de dizer que somos plurais, completamente diferentes uns dos outros, mas podemos viver em sociedade", disse.

Enquanto os manifestantes se aglomeravam em torno do trio elétrico que comandou a parada, cobrando mais respeito e tolerância, do alto de alguns prédios do Calçadão moradores arremessavam água, cascas de banana e ovos. O público, no entanto, decidiu revidar com bom humor e pediu que os ovos fossem fritos antes de serem atirados das janelas.

Aos intolerantes, a presidente da Associação Mães pela Diversidade, de Maringá (Noroeste), Margot Jung, fez questão de lembrar que os LGBTs têm pais e mães e que é preciso que haja um fortalecimento dos familiares de gays, lésbicas e transgêneros para que colaborem no enfrentamento do preconceito, da repressão e da violência praticada por quem não aceita e não consegue conviver com a orientação sexual do outro. "Temos que apoiar nossos filhos e filhas para mostrar que existimos e precisamos ter direitos iguais aos de todas as outras pessoas, já que temos os mesmos deveres."

Tema da parada foi "Que nosso amor seja maior que o teu medo de amar"
Tema da parada foi "Que nosso amor seja maior que o teu medo de amar"



Vítimas frequentes do preconceito e da intolerância, os praticantes de religiões de matriz africana também se juntaram à Parada LGBT. "As mães e pais de santo têm de abrir as portas, abraçar e acolher as pessoas, independentemente de quem é ou deixa de ser. O nosso papel é o do acolhimento", disse a mãe de santo Vera. "Independente de qual seja a orientação sexual ou religião estamos aqui para lutar. O que importa é o respeito e um evento como esse é importante porque ajuda a derrubar o preconceito", comentou a drag queen Thifayne La Close.

Para o ativista Luís Fabrício Galhardi, que desde a década de 1990 milita na causa LGBT, a realização da primeira parada em Londrina é motivo de muitas comemorações. "Esse evento está abrindo portas e mostra para a sociedade londrinense que nós também temos direitos."

Entre as cinco mil pessoas que saíram ontem às ruas não estavam apenas londrinenses. O evento atraiu participantes de cidades de outras regiões do Paraná e também do interior de São Paulo. Experiente em paradas LGBTs, Adriel Henrique veio de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) para participar do evento com outros seis amigos, todos vestidos de bailarina. Além da diversão, disse ele, a parada cumpre seu papel quando mostra que a sociedade é diversa não só em orientação sexual, mas também em cultura e em religião. "Esse evento mostra um lado que as pessoas não conhecem. Aqui você vê gente de todas as idades, de todas as culturas, todo mundo unido por um bem maior."

Para o vendedor Carlos Vianna, as paradas LGBTs que acontecem no País e no mundo são a oportunidade de faturar. Ele contou que ganha a vida vendendo "artigos LGBT" em 130 paradas no Brasil e outras 15 no exterior. "Faço as principais paradas do mundo, como a de São Paulo, Nova York e Berlim. E vou como convidado", ressaltou. Neste domingo, ele estava satisfeito com as vendas. O produto mais vendido era o glitter. Cada saquinho saía por R$ 5 e a quantidade era suficiente para "pintar dez pessoas", como fazia questão de salientar o vendedor. Mas as bandeiras e as tiaras de unicórnio também tinham grande procura. "Estão ótimas as vendas."

Durante a passeata, os organizadores tiveram dificuldade de fechar as vias transversais. Eles receberam apoio da Polícia Militar, que cuidou da segurança das ruas do entorno da avenida Higienópolis. Para evitar o tráfego de veículos, os próprios manifestantes formaram cordões de bloqueios nas esquinas.