Londrina – A diretoria do Hospital Ortopédico descartou ontem a retomada do atendimento aos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se não houver aumento no repasse mensal feito pela Prefeitura de Londrina.
A afirmação é do ortopedista e chefe dos plantonistas do hospital, Vanderlei Montemor Bernardo, que informou que a instituição e a Secretaria Municipal de Saúde não teriam conseguido chegar a um consenso sobre o valor do repasse, que não é feito desde março. Hoje o hospital atende somente os retornos já agendados.
De acordo com Bernardo, a decisão teria partido do corpo clínico, que não concordou com a redução de valores.
Até o fim de 2012, o Ortopédico recebia repasse mensal de R$ 218 mil do município, independentemente do número de atendimentos. Agora cerca de R$ 90 mil.
Uma das reclamações do hospital, segundo Bernardo, é que o valor repassado pelo município, baseado na tabela do SUS, é baixo e que a instituição, por ser particular, não conta com as isenções fiscais a que tem direito os filantrópicos.
"A proposta da Prefeitura é inviável, pois o valor é algo irrisório. Desde 2001, a tabela do SUS não é reajustada. Não teríamos como manter o atendimento nessas condições", alegou.
Para restabelecer o atendimento, o Ortopédico cobra a manutenção do antigo contrato e o repasse de mais R$ 30 mil para cobrir outras despesas com os pacientes do SUS.
O secretário municipal de Saúde, Francisco Eugênio de Souza, diz que o município não tem condições financeiras de oferecer o repasse. Ele alega ainda que o Ortopédico não estaria cumprindo nem 70% das metas previstas no contrato.
"Havia um desequilíbrio no cumprimento dessas metas previstas em contrato. Então nós propusemos que eles aumentassem a produção, mas como não houve acordo, fomos obrigados a reduzir o repasse", salientou. "A secretaria lamenta essa situação, mas não tem como aceitarmos isso."
Segundo Souza, uma comissão de acompanhamento de contratos da Secretaria de Saúde teria sido formada para estudar o caso e elaborar uma nova proposta. "Depois disso, a decisão ficará a cargo do Hospital Ortopédico. Não tem como nós obrigarmos a retomada do atendimento", disse.
Sem um consenso, pacientes já começam a sentir os efeitos da suspensão do atendimento. "Hoje meu braço está sendo engessado porque eu já tinha agendado, mas e a partir de agora? E se eu tiver algum problema na recuperação e precisar retornar, como vai ser?", questionou a aposentada Elesia Chaves Pereira, de 55 anos, que é moradora do Jardim Piza (zona sul).