Operação cumpriu mandados judiciais em Curitiba e outros 50 municípios
Operação cumpriu mandados judiciais em Curitiba e outros 50 municípios | Foto: Polícia Federal/Divulgação



A PF (Polícia Federal) deflagrou na manhã desta quarta (25) a segunda fase da Operação Glasnost e prendeu 30 suspeitos pelos crimes de exploração sexual de crianças e compartilhamento de pornografia infantil. A ação, coordenada pela delegacia de Curitiba, cumpriu 72 mandados em 14 Estados, em um total de 51 municípios. No Paraná, duas pessoas foram presas na região de Maringá por posse e compartilhamento de pornografia infantil. Outras duas, uma de Curitiba e uma de Altônia (Noroeste), também foram detidas pela posse de imagens e vídeos com crianças nuas ou em situação de abuso.

De acordo com o delegado Igor Romário de Paula, a operação mobilizou cerca de 350 policiais no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Piauí, Maranhão e Pará. Segundo ele, apesar das investigações estarem concentradas em Curitiba, o âmbito judicial será compartilhado conforme as circunscrições onde os crimes teriam sido cometidos.

Entre os presos estão um estudante de 19 anos e um idoso de 80 anos que, segundo o delegado Flávio Augusto Palma Setti, "mal conseguia respirar". "São criminosos de diferentes faixas etárias, classes sociais distintas. Não existe um perfil padrão de pedófilo", disse. Segundo ele, a lista inclui professores, médico e dois funcionários públicos de alto escalão dentro de suas repartições.

Uma mulher também foi presa. "O envolvimento de mulheres em crimes de pedofilia é raro. Neste caso, era uma família em que todos mantinham relação sexual entre eles, incluindo pai, mãe, filhos e alguns conhecidos", revelou. Em Praia Grande, no litoral paulista, um homem foi preso por abusar da filha de oito anos de idade. Segundo a PF, a menina era abusada desde quando tinha dois anos. "Em vários casos, o abusadores eram pessoas da própria família", detalhou. O delegado contou ainda que alguns dos presos eram reincidentes.

Entre os crimes, o mais brando é o de armazenamento de pornografia infantil, que tem pena prevista de até quatro anos de prisão. "Só o fato de a pessoa possuir o material em seu computador ou celular já é crime. Nestes casos, há a possibilidade de a pessoa pagar a fiança e responder em liberdade", explicou. Já para os crimes de produção de material (fotos ou vídeos) e de compartilhamento de pedofilia, as penas são mais severas. O crime mais grave encontrado em três situações na operação e considerado hediondo é o de abuso de vulnerável.

A primeira fase da Glasnost foi deflagrada em novembro de 2013, quando foram cumpridos 80 mandados e realizadas 30 prisões em flagrante. O nome usado para batizar a operação quer dizer "transparência" em russo. "O esquema foi descoberto com a prisão de um estudante de Medicina que ocorreu em Curitiba, há sete anos. No flagrante, o estudante revelou um site russo que funcionava como um ponto de encontro para pedófilos de todo o mundo", contextualizou.

O superintendente regional da PF no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco, informou que criminosos de outras nacionalidades foram identificados nas investigações. "Faziam parte desta rede americanos, franceses, russos. Agora, vamos encaminhar as informações via Interpol ou diretamente às autoridades desses países", adiantou. Com a prisão de pelo menos 60 pessoas nas duas fases – há previsão de mais prisões durante os próximos dias – Franco avalia que, se não é a maior, a Glasnost é "uma das maiores operações contra a pedofilia já realizadas no País."