Londrina – O Ministério Público (MP) de Londrina ofereceu ontem denúncia contra o ex-assessor da presidência da Câmara Municipal Marcos Colli dos crimes de filmar e fotografar crianças em poses sexuais e pornográficas. O ex-presidente do Partido Verde (PV), que está preso desde segunda-feira, já está sendo processado por estupro de vulnerável.
A nova denúncia do MP será apreciada pela juíza Zilda Romero da 6ª Vara Criminal de Londrina, conhecida como Vara 'Maria da Penha', que julga casos de crimes contra mulheres, crianças e adolescentes. "Toda a investigação começou através da denúncia de uma criança que foi vítima do Marcos Colli. As crianças não mentem sobre uma experiência que nunca tiveram. As provas que conseguimos através das investigações são contundentes para oferecemos esta denúncia destes dois novos crimes", afirmou a promotora Susana Lacerda.
As provas que embasam esta nova denúncia foram colhidas nos computadores apreendidos pelo MP nos escritórios e na residência de Colli. De acordo com a promotora, a investigação, que corre em segredo de Justiça, já identificou seis vítimas menores de 12 anos. Os crimes teriam se iniciado em 2008.
"Podemos garantir que o único investigado é o Colli. Em minha carreira de promotora que trabalha com crianças eu nunca vi nada igual, nada tão chocante. Estou há várias noites sem conseguir dormir pelo que eu assisti até aqui", relatou.
Os crimes de filmar e fotografar crianças em poses sexuais e pornográficas estão no artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê pena de 4 a 8 e de 8 a 15 anos, respectivamente. "Esta pena é para cada criança que sofreu abusos. Espero que até em 90 dias este caso seja julgado", apontou a promotora.
O delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore, trabalha em um novo inquérito que foi aberto para se apurar possíveis outros crimes e também novas vítimas de Marcos Colli. "Até agora os depoimentos comprovaram as informações que tínhamos", se limitou a dizer o delegado.
Segundo Alan Flore, nenhuma denúncia formal chegou ao Gaeco sobre supostas ameaças a família de uma das vítimas. A mãe teria relatado estar com medo de sair de casa. "Se houver alguma informação oficial imediatamente tomaremos as providências", frisou Flore.
O advogado de defesa de Marcos Colli, Maurício Carneiro, informou que ainda não tinha conhecimento da nova denúncia e se mostrou surpreso com a divulgação das informações. "Me assusta a revelação das informações já que a ação corre em segredo de Justiça. O direito não está sendo respeitado", afirmou. De acordo com Carneiro, a defesa ainda não decidiu se vai pedir o relaxamento da prisão de Colli.
O ex-presidente do PV foi transferido na tarde de ontem do quartel do Corpo de Bombeiros para uma sala reservada no 5º Batalhão da Policia Militar.