No Sul do Estado, mobilização começou após o aumento de explosões de caixas eletrônicos
No Sul do Estado, mobilização começou após o aumento de explosões de caixas eletrônicos | Foto: Roberto Custódio/17-1-2017



A doação de armas para policiais civis e militares já não é novidade no Paraná. Representantes dos Consegs (Conselhos de Segurança) se reúnem, pedem o apoio de empresários e da sociedade civil para comprar armamentos e garantir a manutenção de viaturas. Na cidade de Mallet, no sudeste do Estado, dois fuzis foram adquiridos com o apoio da população. Segundo o comandante da 1ª e 2ª Companhias do 27º Batalhão da PM, tenente Márcio Verner, a parceria com a comunidade ocorre há alguns anos. A mobilização para a compra das armas começou após ocorrências de explosão de caixas eletrônicos na região.
"Essa parceria com a comunidade é primordial para ajudar a própria população. A marginalidade vai evoluindo e o Estado já tinha verificado essa necessidade de adquirir mais armas, mas o trâmite burocrático tem esse lapso", comentou Verner. Pouco mais de R$ 30 mil foram arrecadados em Mallet.
Entre o início da mobilização até a entrega dos equipamentos transcorreram cerca de oito meses. Antes disso, o governo do Estado conseguiu repassar novas armas para o efetivo. A quantidade não foi divulgada pelo comandante. Ainda assim, segundo ele, a ajuda da população chegou em boa hora e os PMs poderão utilizar o equipamento em treinos no Clube de Tiro da cidade.
Já em relação à manutenção das viaturas, Verner disse que o governo disponibiliza verbas para este fim. No entanto, o recurso é priorizado para atender o maior número de veículos possível. No total, há três viaturas em Mallet. Uma delas é uma caminhonete a diesel com custo elevado de manutenção. Parte dos valores arrecadados será utilizada para o conserto deste veículo.

CINCO FUZIS
Em Laranjeiras do Sul (Centro-Sul), cinco fuzis e uma metralhadora foram entregues em fevereiro para a Polícia Militar. Boa parte dos recursos foi doada por empresários. A arrecadação também teve a participação de moradores que adquiriram produtos doados pela Justiça em um bazar organizado pelo Conselho de Segurança local.
O presidente do Conseg, Ariel José Oro, destacou que ambulâncias e viaturas já foram consertadas anteriormente com dinheiro arrecadado pelo conselho. "Já pedimos mais dois fuzis para a Subdivisão da Polícia Civil. As armas devem chegar em 40 dias. A segurança pública é dever do Estado enquanto poder público, mas é responsabilidade de toda a sociedade. Os conselhos foram criados para dar esse suporte. A gente sabe que o Estado tem problemas de ordem econômica e o conselho acaba servindo como instrumento jurídico de suporte", comentou. Antes de adquirir as armas é preciso obter autorização do Exército. Em Laranjeiras do Sul, o grupo também investiu na construção de um prédio para abrigar a equipe de diligências especiais da Polícia Civil.
A arrecadação de recursos para auxiliar o trabalho da Polícia Militar tem se tornado comum em várias cidades do Paraná. Moradores de Ivaiporã (Norte), Mandaguari e Sarandi (região metropolitana de Maringá) já compraram armas para as forças de segurança.
O presidente da Apra-PR (Associação de Praças do Estado do Paraná), Orélio Fontana Neto, agradeceu o apoio da população e evitou falar sobre a obrigatoriedade do Estado de repassar os armamentos. "Quanto maior o envolvimento da comunidade com a polícia, maior é o fortalecimento da segurança pública. (…) O poder judiciário poderia disponibilizar armas, equipamentos e veículos apreendidos pela polícia para o uso das equipes de segurança pública", comentou.

VERSÃO OFICIAL
Em nota, a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária) destacou que "o governo do Estado faz investimentos constantes para garantir o reequipamento dos policiais". A assessoria do órgão informou ainda que "armamentos pesados, como fuzis, só são repassados a policiais que já tenham passado por treinamento específico e diferenciado".
"Além de equipar os grupos especiais das polícias Civil e Militar (como Bope, Tigre e Cope), a distribuição de armamentos pesados leva em consideração, primordialmente, o fator criminalidade. [A área] Onde há maior incidência criminal e necessidade de reforçar o aparato – seja ele humano ou equipamentos – recebe mais recursos", diz a nota.
A Sesp garantiu que "não está se furtando às obrigações de fornecer equipamentos e armamentos necessários às polícias, seja por meio de compras diretas ou parcerias". Conforme a nota, vários fuzis foram entregues às equipes da região de fronteira por meio de uma parceria com o Exército.