Manifestantes ocuparam a avenida Leste-Oeste e bloquearam as saídas dos ônibus no Terminal Urbano
Manifestantes ocuparam a avenida Leste-Oeste e bloquearam as saídas dos ônibus no Terminal Urbano | Foto: Marcos Zanutto



O Comitê do Passe Livre realizou no fim da tarde de quarta-feira (17), em frente ao Terminal Central de Londrina, um protesto contra o fim do passe livre e contra o aumento da tarifa de ônibus que teve acréscimo de 5,3%, percentual acima da inflação do ano, que foi de 2,94%, e também do salario mínimo, que só aumentou 1,81%.

O movimento reuniu cerca de 200 pessoas, que se posicionaram na saída dos veículos para impedir a saída dos ônibus. Logo os agentes da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito de Urbanização) passaram a desviar o fluxo dos ônibus. Os usuários que estavam dentro do terminal foram orientados a sair e procurar os pontos mais distantes. Os funcionários das empresas de transporte coletivo foram orientados a liberar a passagens desses usuários, para que não pagassem duas vezes pela passagem.

A estudante de Enfermagem Raquel Camargo foi uma das que já estavam dentro do terminal e teve de sair para poder embarcar na linha que vai para a sua casa. Ela apoiou o protesto. "Para mim o preço da passagem ficou inviável. Além do custo com o curso, tenho de arcar com os valores de transporte. Se for igual ao que fizeram com o IPTU, infelizmente acho que a prefeitura não irá mudar nada", declarou. Ela disse que tem colegas de curso que não poderão concluir o curso porque não conseguirão arcar com os valores da mensalidade do curso somados aos gastos com transporte.

O bloqueio realizado pelos manifestantes começou pelo piso inferior, que possui acesso pela avenida Leste-Oeste, e posteriormente tomou o piso superior, cujo acesso é pela rua Benjamin Constant, e ambos ficaram vazios, sem qualquer usuário dentro deles. Os manifestantes começaram a bloquear algumas vias para impedir o fluxo de qualquer tipo de veículo. Primeiro foi a avenida Leste Oeste, que teve uma das pistas tomada pelas pessoas que bradavam palavras de ordem contra o fim do passe livre e contra o aumento, mas logo se espalhou por outras ruas do entorno do terminal.

O protesto transcorreu de maneira tranquila. O único incidente registrado foi quando uma mulher grávida passou mal e ficou deitada no piso de um dos ônibus que estava retido pelo protesto. Tão logo o segurança da empresa que cuida do terminal avisou os manifestantes sobre o que estava ocorrendo, os manifestantes liberaram a pista para a passagem do veículo. Houve reclamações de algumas pessoas que ficaram retidas pelo protesto, como o de Jean Franco Bala, responsável por recebimento de mercadoria. "Não acredito que eles tenham argumentos sólidos. Eles não sabem qual o orçamento municipal e não sabem se os gastos para arcar com o passe livre são suportáveis pela prefeitura de Londrina", apontou.

Outra pessoa que se manifestou contra o protesto foi Silvio Renato. "Eu sou contra esse protesto na hora de fechamento do comércio, quando o trabalhador quer ir embora. Várias pessoas vêm de fora. Eles não proporcionam retorno ao município e não dão retorno à sociedade e ainda querem ônibus de graça. Essa é a minha opinião", declarou. A estudante Giovana Fernanda Montanini rebateu e declarou que os estudantes proporcionam retorno para o País. "Londrina tem pessoas de vários lugares e recebe gente que se formou em outros lugares também. O protesto tem a ver com o aumento da tarifa e o fim do passe livre. Muitos estudantes não têm condições de pagar a passagem. Os pais dessas pessoas se esforçaram a vida inteira para colocar seus filhos em uma universidade pública e muitos desses filhos vão ter que deixar de estudar na universidade porque a tarifa da passagem está cada vez mais cara", argumentou.

O representante do Comitê do Passe Livre, o jornalista Willian Casagrande, declarou que a estimativa da organização é de que 200 pessoas foram à manifestação. "Na opinião do Comitê, a manifestação foi positiva levando em conta a necessidade de massificar o movimento para combater a retirada de um direito que é o passe livre dos estudantes", avaliou. A CMTU foi procurada pela reportagem, mas informou que não iria se pronunciar.