O lucro líquido da Companhia Paranaense de Energia (Copel) foi de R$ 947 milhões no ano passado, uma desaceleração de 25,1% em relação aos R$ 1,265 bilhão de 2015, conforme balanço divulgado nesta quarta-feira, 29, pela diretoria da companhia. Os principais motivos estão ligados à crise econômica no País, que elevou a inadimplência e reduziu o consumo tanto de empresas quanto de residências, além da migração de grandes empreendimentos para o mercado livre. Outro fator foi a redução média de 12,9% na tarifa aplicada a partir de 24 de junho de 2016.

A receita operacional líquida recuou 12,3% de 2015 para 2016, ao passar de R$ 14,945 bilhões para R$ 13,101 bilhões. Já a dívida bruta aumentou 13,9%, de R$ 7,761 bilhões para R$ 8,837 bilhões no mesmo comparativo. O Ebtida, ou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, teve leve redução de 1,8%, de R$ 2,802 bilhões em 2015 para
R$ 2,752 bilhões no ano passado.

Imagem ilustrativa da imagem Lucro líquido da Copel cai 25%



Em coletiva de imprensa, os executivos da estatal culparam a instabilidade política e econômica do País pela desaceleração nos resultados. Porém, destacaram os investimentos de R$ 3,6 bilhões no ano passado, o maior da história da empresa, para elevar a receita nos próximos anos, bem como o foco pela busca de austeridade e de maior eficiência financeira.

O presidente da Copel, Antonio Sergio de Souza Guetter, destacou os R$ 720 milhões aplicados na construção do complexo eólico em Cutia (RN) e os R$ 600 milhões destinados ao pagamento do bônus de outorga, pela concessão por 30 anos da Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, em Antonina.

Por outro lado, o índice de inadimplência em relação ao faturamento começou a ser controlado. "No inicio de 2016 chegou a 2% do faturamento. Ao longo do ano atuamos e, com auxílio da redução das tarifas, encerramos com 1,6%, mesmo patamar do início de 2015", disse Guettter, sobre indicador que equivale a R$ 267,3 milhões.

O diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Copel, Luiz Eduardo Sebastiani, citou que apenas no quarto trimestre de 2016, a receita operacional caiu 4% ante o mesmo período de 2015, principalmente pela retração de 5,1% na receita de fornecimento, ocasionada pela redução média de 12,9% nas tarifas, e pela diminuição de 13% no mercado cativo, causado pela migração de empresas para o livre. Ele prevê para este ano a recuperação de tais perdas, principalmente porque não houve aumento no primeiro trimestre de 2017 para o mercado livre. "Em termos de pessoal, tivemos uma redução significativa, sem uma contratação e com a redução de cerca de 250 empregados no ano. Queremos incentivar mais uma redução de quadro e terceirização de algumas atividades."

Guetter disse que a companhia promove uma revisão no portfólio de investimentos, para tentar focar em projetos no Paraná ou que tenham sinergia com obras em andamento. "Nos interessam os leilões de transmissão que vão ocorrer no Paraná e em São Paulo", afirmou. Ele disse que não há previsão de lucro. "Mas nossas expectativas são de que o mercado está melhorando, temos sinais de recuperação da economia e certamente o momento mais difícil já passou."