Imagem ilustrativa da imagem Lucro com pinhão tem segurado araucária em pé
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" gente aprende a subir nos pinheiros desde criança. Faz parte da cultura da gente, sabe?", gaba-se Jackson Luís Moraes
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| Foto: Fotos: Anderson Coelho
"Só eu sozinho vendi quase 500 toneladas este ano", garante o produtor e comerciante Luiz Hamilton Kitcky



Pinhão - No trevo de acesso, a emblemática frase "Jesus Cristo é o Senhor do Pinhão" dá o tom do que o visitante vai encontrar em Pinhão, município de 30 mil habitantes no Centro-Sul do Estado. Lá, a semente da araucária que dá nome à cidade é cultuada como algo sagrado. Tanto que o município é o maior produtor do País, segundo dados do Relatório de Extrativismo e Silvicultura 2014, a mais recente base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, somados a produção (árvores plantadas para o cultivo) e o extrativismo (colheita de sementes de árvores nativas), o município comercializou 498 toneladas de pinhão em 2014. Porém, a informalidade do setor leva à subnotificação. Boa parte da colheita é vendida à beira das estradas pelos atravessadores. "Só eu sozinho vendi quase 500 toneladas este ano", garante o produtor e comerciante Luiz Hamilton Kitcky, de 46 anos. O preço do quilo do produto está sendo vendido por R$ 5 na fonte e chega até a R$ 8 nos supermercados.



A colheita, que começou em 1º de abril, termina neste mês de julho. De acordo com estimativas do mercado, a safra deste ano deve ser de 12 mil toneladas, 20% maior que a de 2015. A lucratividade com o pinhão tem sido um bom motivo para os produtores ganharem dinheiro com a araucária em pé. Pinhão, Guarapuava e Turvo dividem os primeiros lugares em produção de pinhão com as catarinenses Painel, São Joaquim e Urupema. "Este ano tivemos a safra recorde aqui na região. Vendi tudo o que produzi e o que comprei de outros produtores. Se tivesse mais, teria vendido", comemora Kitcky.
Dos 39 anos de Jackson Luís Moraes, 20 deles foram dedicados à lida no pinhão. "Nascido e criado em Pinhão", como faz questão de ressaltar, Moraes conta que aprendeu com o pai o gosto pela semente da araucária. "Aqui a gente aprende a subir nos pinheiros desde criança. Faz parte da cultura da gente, sabe?", gabou-se. Depois de muitos anos no processo da colheita, atualmente ele só faz a revenda com um caminhão. "A idade vai chegando e a gente tem que respeitar os limites do corpo, mas continuo na área assim como vários amigos. Somos todos filhos do pinhão", filosofa.
O secretário executivo do Conselho Estadual de Meio Ambiente, João Batista Campos, informa que o Paraná incentiva a atividade com distribuição de mudas e a regulamentação do período da colheita. Segundo ele, o objetivo é garantir o consumo sustentável e assegurar a reprodução da araucária. "Sabemos que o extrativismo para a retirada dos pinhões é uma importante fonte de renda nessa época, principalmente junto a pequenos produtores. Por isso estabelecemos um calendário de colheita, para que a atividade também gere um impacto menor sobre a fauna que se alimenta da semente da araucária no inverno", diz.