A juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elisabeth Kather, concedeu liberdade provisória a uma jovem de 23 anos, identificada como Kawane Fernanda Zambrim, acusada de atear fogo enquanto Everson de Araújo, ex-morador de rua, dormia na Avenida Dez de Dezembro, próximo ao Terminal Rodoviário, centro de Londrina. O crime teria acontecido perto das 22h45 do dia 19 de outubro de 2013.

A vítima foi socorrida pela Samu e encaminhada ao HU (Hospital Universitário) com 48% do corpo queimado. As queimaduras atingiram a face, tronco, braços e pernas. Araújo sobreviveu e hoje reside com a irmã em Assaí (50 km de Londrina). A audiência de custódia da acusada foi realizada uma semana depois dela ter sido presa no Jardim Novo Bandeirantes, em Cambé, pela Polícia Militar.

A advogada Maria Cláudia de Araújo Coimbra, responsável pela defesa, salientou que Kawane morou nas ruas de Londrina até 2015, mas, desde então, recebeu ajuda da família e passou a residir com a mãe. "Ela ficou em uma clínica de tratamento e soube que estava grávida. O nascimento da filha, hoje com dois anos, auxiliou na recuperação. Nunca conheceu esse tal de Everson", afirmou.

Para embasar o alvará de soltura, a magistrada levou em consideração o fato de Kawane não possuir antecedentes criminais, ter residência fixa e uma filha menor de 12 anos. A lei 13.257, de março de 2016 e que alterou artigos no Código Penal, permite que, nesses casos, a mãe possa responder o processo em prisão domiciliar.

No final de outubro, a Justiça despachou a prisão preventiva da acusada. Segundo a defesa, a ré sequer sabia do mandado. "Ela não tinha intenção nenhuma de fugir. Qualquer um que queira escapar da Justiça não iria ficar na cidade vizinha, não é? A Kawane foi pega de surpresa quando os policiais anunciaram a prisão", questionou a advogada.

Para a defesa, as provas produzidas até agora são frágeis. "Nada ainda foi comprovado, mas só há depoimentos de testemunhas. A própria vítima, obviamente acometida pelo fogo, não soube dizer quem teria atentado contra ela. Meses após ter se recuperado do incidente, o paciente não procurou a delegacia para dar andamento à investigação. Vou continuar insistindo na tese de que a Kawane não cometeu esse crime", completou a advogada. Em novembro deste ano, a 1ª Vara Criminal ouviu o médico e a enfermeira do Samu que socorreram o ex-morador de rua, que prestará depoimento por meio de carta precatória.