Representantes de etnias indígenas de dez estados brasileiros entregaram nesta quinta-feira (19) para o MEC (Ministério da Educação) e para o MPF (Ministério Público Federal) um documento em que defendem a aplicação de recursos para melhorar a qualidade da educação nas aldeias.

O assunto foi discutido no 3° Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena, realizado no Centro Comunitário Athos Bulcão, na UnB (Universidade de Brasília). O evento contou com a participação de 450 pessoas entre representantes e líderes de 18 etnias.

"O país sempre teve dificuldades de oferecer políticas públicas para o índio, não somente na área da educação", disse o coordenador da organização comunitária indígena Aty Guasu, Anastácio Peralta, da etnia Guarani Kaiowá.

Segundo ele, só na cidade de Dourados (MS), cerca de 600 crianças e adolescentes indígenas estão sem acesso à escola. "Estamos lutando junto ao Ministério Público, prefeitura e lideranças para que tenhamos professores e salas de aula para nossos alunos", disse.

Além da reivindicação de investimentos na educação nas aldeias, outro assunto abordado foi a migração de índios para a cidade a fim de cursar universidade. "Para que nosso povo possa vir até a cidade para fazer um curso de nível superior, é preciso que haja uma estrutura que o receba, além de recursos para o manter durante o tempo de estudo", ressaltou Anastácio.

O FÓRUM

Promover o debate e estimular a participação da população indígena no processo de concepção, implementação e avaliação das políticas nacional, estaduais e municipais de educação voltadas a esse público são os objetivos do fórum.

"Nos últimos anos estamos vivendo uma situação particular que é muito pouco debate com cidadãos e com a comunidade, as decisões são tomadas, praticamente, na esfera política", disse o professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) Gersem Baniwa, especialista em educação indígena.