Para a Promotoria, há elementos suficientes para que o caso de Ricardo Felippe seja levado ao Tribunal do Júri
Para a Promotoria, há elementos suficientes para que o caso de Ricardo Felippe seja levado ao Tribunal do Júri | Foto: Marcos Zanutto



O guarda municipal Ricardo Leandro Felippe, acusado de matar três pessoas em Londrina, incluindo um adolescente de 16 anos e a sócia de uma ex-namorada no início de abril, foi interrogado na tarde desta segunda-feira (21) na 6ª Vara Criminal no processo que investiga os três homicídios. Ele foi levado da PEL (Penitenciária Estadual de Londrina) 1, algemado e escoltado por três policiais militares, ao Fórum. Quando notou a presença dos jornalistas, Felippe virou o rosto para não ser fotografado ou filmado.

No interrogatório, Felippe respondeu poucas perguntas da juíza Zilda Romero. Segundo a promotora Susana de Lacerda, ele afirmou que não se lembra dos assassinatos. Porém, para o Ministério Público, "há elementos suficientes que comprovam que ele sabia o que estava fazendo". Desde a primeira audiência no final de julho, 23 testemunhas de acusação foram ouvidas. Na ocasião, o guarda até foi ao Fórum para se defender, mas a pedido das vítimas, que se sentiram receosas com a presença dele, foi levado de volta para a cadeia.

O advogado Fabrício Almeida Carraro, que defende Felippe, disse que o acusado "tem lembranças desconexas dos fatos". A respeito do laudo emitido pelo Complexo Médico Penal de São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), que descartou insanidade mental, a defesa argumentou que o documento trata de "uma rápida consulta e não foi elaborado na data em que tudo aconteceu".

Por isso, os defensores de Ricardo Felippe pediram à Justiça a autorização para realização de um exame junto ao IML (Instituto Médico Legal). "O que nós temos nos autos é uma mera declaração", apontou a advogada Natália Regina Karolensky, que também atua na defesa do guarda municipal.

Além dele, duas testemunhas arroladas pela defesa prestaram depoimento. Uma delas é um médico que trabalha no Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) da Prefeitura de Londrina, que confirmou que o agente não apresentava nenhuma espécie de distúrbio. A outra pessoa ouvida foi o irmão do réu.

Para a promotora Susana de Lacerda, há elementos suficientes para que o caso seja levado ao Tribunal do Júri. A juíza Zilda Romero ainda deve analisar o pedido da defesa sobre a perícia do IML e as cartas precatórias de outras testemunhas antes de despachar a sentença. A expectativa do Ministério Público é que essas etapas sejam cumpridas em até um mês.

Ex-namorada de Felippe, Rachel Espinosa, que perdeu o pai e o filho de 16 anos assassinados, convive com a saudade. "Minha mãe, que entrou em depressão, só está se recuperando agora. Meu outro filho continua sendo acompanhado por psicólogos. Eu continuo a trabalhar, mas tudo volta quando chego em casa no final do dia. Ainda há muita tristeza, mas preciso permanecer forte", disse.

O CASO
Ricardo Leandro Felippe foi preso no dia 3 de abril em Maracaí, no interior de São Paulo, por investigadores da 10ª Subdivisão Policial. Ele é acusado de assassinar o pai e o filho de Rachel e Ana Regina do Nascimento Ferreira, que era sócia de outra ex-companheira dele. Além disso, outras duas pessoas foram baleadas, mas sobreviveram.