Manifestantes reuniram-se na Concha Acústica e contaram com o apoio de professores do ensino médio
Manifestantes reuniram-se na Concha Acústica e contaram com o apoio de professores do ensino médio | Foto: Celso Pacheco



Servidores, professores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) fizeram nesta quarta-feira (19) um ato público para cobrar do governador Beto Richa a retirada de uma emenda na Lei de Diretrizes Orçamentárias do Estado que cancela o pagamento da reposição salarial do funcionalismo em janeiro de 2017. Os manifestantes reuniram-se na Concha Acústica e contaram com o apoio de professores do ensino médio, representados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato).
A reposição salarial da inflação a partir de janeiro do ano que vem era parte do acordo firmado no ano passado entre o governo do Paraná e a categoria para que chegasse ao fim a greve dos professores. "O governador diz que só vai fazer o reajuste quando tiver um fluxo de caixa, mas isso não é verdade. O governo tem dinheiro, mas está gastando mal com fundações e autarquias, onde tem que pagar muitos cargos comissionados com altos salários", acusou o diretor financeiro do Sindicato dos Servidores Públicos Técnicos Administrativos da UEL (Assuel), Arnaldo Mello. "A reposição é lei, constituída em 2015, e como lei deve ser cumprida." A reivindicação é por uma reposição inflacionária de cerca de 7,5%.
Na semana passada, os funcionários da UEL aprovaram em assembleia uma greve de três dias, a partir de segunda-feira (17). Uma nova assembleia está marcada para as 9 horas desta quinta-feira (20) e a categoria deverá decidir se retorna às atividades ou mantém a paralisação. A decisão deve ser baseada na rodada de negociação que ocorreu nesta quarta (19), em Curitiba, entre sindicalistas e representantes do governo estadual.
"Só o governador pode resolver a situação. Ele fez um acordo conosco em 2015 e, um dia depois da eleição, descumpre esse acordo. Não pode. Ele tem que cumprir a parte dele. Nós cumprimos a nossa", afirmou a professora do Colégio Estadual Nilo Peçanha, Cláudia Melatti.
"Meu marido é professor da UEL, meu pai também. Vejo o que está acontecendo com o ensino público. O governo tem retirado muitos direitos e deixado os professores ao léu. O que eu sinto é que tudo o que o governador pode tirar do professor, ele tira até que ninguém mais vai querer ser professor", disse a estudante de mestrado da UEL, Raíssa Galvão Bessa Santana.
Além da ameaça de revogação da data-base, o ato público serviu também para que os manifestantes protestassem contra a PEC 241, que congela os orçamentos pelos próximos 20 anos, contra o Projeto de Lei Complementar 257, que propõe o alongamento de dívidas dos Estados e do Distrito Federal com a União por 20 anos, e também contra a Medida Provisória 746, que propõe mudanças no ensino médio.
Muitos manifestantes aproveitaram o ato público para prestar apoio aos alunos do ensino médio da rede pública e de universidades estaduais que desde a semana passada ocupam escolas e instituições de ensino superior em todo o Paraná. Até o fim da tarde de terça, já passava de 700 o número de ocupações, segundo o movimento Ocupa Paraná.