Curitiba - Após quatro horas de audiência pública com representantes do Fórum das Entidades Sindicais (FES), o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, abriu nesta quarta-feira (19) a possibilidade de manter a data-base do funcionalismo nos moldes do que foi acordado no ano passado. A retirada da emenda 43, que revoga a reposição inflacionária, seria condicionada ao fim da greve dos professores e de outras oito categorias. A decisão do Palácio Iguaçu deve ser anunciada nesta quinta (20). O encontro entre as duas partes aconteceu na sede da Celepar, em Curitiba, e contou ainda com a participação do secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. "Podemos assumir este compromisso, desde que o mesmo texto possa ser reapresentado na íntegra caso não se encontre, no diálogo com os servidores, outra alternativa para a solução do impasse", afirmou Rossoni. A previsão da gestão Beto Richa era de votar a mensagem, que modifica a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, em 30 de novembro. A tramitação na Assembleia Legislativa (AL) já tinha sido suspensa, por pressão dos servidores, entretanto, apenas temporariamente.
Se houver de fato um acordo, os docentes da rede estadual, policiais civis e trabalhadores de sete universidades, que aderiram à paralisação, convocarão assembleias para definir os rumos do movimento. Em se tratando dos mais de 100 mil professores, o mais provável é que o encontro aconteça no próximo sábado (22), com uma possível retomada das aulas na segunda-feira seguinte. Das 2,1 mil escolas da rede, contudo, 791 seguiam ocupadas por estudantes até o início da noite desta quarta, em protesto contra a reforma no ensino médio, proposta pelo presidente Michel Temer.
Antes de aceitar negociar, Rossoni chegou a dizer que nada mudou e que provavelmente não mudaria. "Como fazer dinheiro? Como fabricar dinheiro? Parcelar o que não tem? Você não faz uma prestação nova se não tem como pagar a antiga. Os números são exatos. A receita está aí, a situação nacional está aí, o comparativo com os outros Estados está aí." Conforme o chefe da Casa Civil, outras unidades da federação não estariam honrando a folha mensal e o 13° salário, como o Paraná. Costa acrescentou que o orçamento de 2017 projeta uma despesa de R$ 23 bilhões com a folha de pessoal e encargos, valor 10% superior ao gasto deste ano.
Nas contas do economista Cid Cordeiro Silva, assessor do FES, porém, haveria cerca de R$ 2 bilhões a mais de recursos livres em 2016 e 2017, na comparação com os números da pasta. "Em 2016 existe uma diferença de R$ 500 milhões aproximadamente e, em 2017, de R$ 1,5 bilhão", estimou. "Não fazemos greve porque gostamos. Fazemos porque no ano passado o governador sentou numa mesa no Tribunal de Justiça e firmou um compromisso de que não enviaria à Assembleia nenhum projeto de lei que retirasse direito dos trabalhadores, mas o fez", opinou a professora Marlei Fernandes Carvalho, da coordenação do Fórum.