Pela projeção do Ipardes, a população de Grandes Rios deve encolher 40% até 2040
Pela projeção do Ipardes, a população de Grandes Rios deve encolher 40% até 2040 | Foto: Lis Sayuri/18-3-2015


De acordo com estudo divulgado recentemente pelo Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social), dos 30 municípios paranaenses com as maiores projeções de quedas populacionais entre 2010 e 2040, 12 estão localizados no Vale do Ivaí, território localizado no Norte Central. Os dados preocupam os gestores locais. A lista das maiores perdas de população também traz oito municípios do Centro-Sul e cinco do Centro-Oeste. São 25 municípios contíguos que formam uma grande mancha de esvaziamento na região central do Estado.

Com menos habitantes, os municípios passam a receber uma fatia menor nos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), principal fonte de receita das pequenas prefeituras. Pela projeção, a população de Grandes Rios deve encolher 40% até 2040, mesma redução registrada por Lidianópolis. Para Beto Preto (PSD), prefeito de Apucarana e presidente da Amuvi (Associação dos Municípios do Vale do Ivaí), reverter a tendência de perda populacional é um desafio para as lideranças locais. "A região tem terra fértil e é muito próspera, com grande potencial de desenvolvimento que precisa ser trabalhado", ressalta.

Beto Preto lembra que os municípios próximos aos grandes centros levam vantagem. "Saindo do eixo Londrina-Maringá, no nosso caso, temos regiões que ainda têm populações muito pobres. Isso é reflexo do que ocorreu na década de 1970, com as geadas", expõe. O prefeito de Apucarana, que também é vice-presidente da AMP (Associação dos Municípios do Paraná), defende o fortalecimento da vocação agrícola do interior do Estado, mas indo além. "É preciso trabalhar o valor bruto da produção e transformar o produto primário", analisa.

A mudança no projeto do traçado da Ferrovia Norte-Sul (que originalmente cortaria o centro do Estado, mas foi desviado para o Oeste) foi criticada pelo prefeito. "Perdemos uma grande oportunidade de trazer desenvolvimento para o Centro do Estado, mas ainda assim acredito muito na região, que tem um potencial enorme", opina. Para ele, uma forma de aumentar a população de forma planejada é investir na agricultura familiar. "Não podemos trabalhar só com cultura de extensão, em que muitos recursos vão para poucos."

Os três municípios com as maiores perdas de moradores estão na região Centro-Oeste. As vizinhas Altamira do Paraná e Nova Cantu devem ter em 2040 metade da população que têm hoje. Já em Janiópolis, a perda será de 47% se as projeções do Ipardes se confirmarem. A região é que a registra o maior decréscimo, de 13,64%, em 30 anos. Na contramão, Campo Mourão e Terra Boa conseguem aumentar o número de habitantes no mesmo período. Na Região Centro-Sul, Santa Maria do Oeste e Novas Tebas, com queda de 40%, e Mato Rico, de 37,87%, são os municípios que mais devem sofrer com o esvaziamento.

Inchaço populacional na região de Curitiba e Litoral
As projeções do Ipardes apontam para progressiva concentração populacional nos principais polos urbanos do Estado e em municípios com mais de 100 mil habitantes, com destaques para os arranjos populacionais de Curitiba, Londrina e Maringá. A RMC (Região Metropolitana de Curitiba) deverá crescer 27,84% em 30 anos, enquanto o Norte Central, que abrange as duas maiores cidades do interior, crescerá 23,29%.

Dos 34 municípios com tendência de aumento populacional expressivo, 17 estão localizados no entorno da capital ou no Litoral. Em números absolutos, São José dos Pinhais deve ganhar mais moradores que Curitiba, 205 mil contra 203 mil, ocupando a quarta posição de crescimento percentual (77,73%).

O maior crescimento, segundo o Ipardes, deverá ser de Pontal do Paraná. Segundo a projeção, o município litorâneo passará de 20,9 mil para 41,7 mil habitantes entre 2010 e 2040. O aumento de 99,5% tem como explicação a instalação de um porto e da construção de obras de infraestrutura na cidade.

O secretário de Desenvolvimento de Pontal do Paraná, Ricardo Aguiar, contou que a previsão é que o porto comece funcionar até o final de 2019. "Com a construção de uma nova rodovia de acesso ao porto, criaremos uma linha de infraestrutura robusta, por onde vai passar todos os serviços de saneamento, energia e gás para os novos bairros que serão criados", explica. "Teremos um crescimento planejado. Estamos há quase uma década nos preparando para isso", completa.

MUDANÇA DE PERFIL

Apesar de a cidade ter 20 mil habitantes, Aguiar garante que a estrutura atual já é capaz de atender uma população cinco vezes maior. "Temos muitas casas vazias que, no verão são ocupadas. Então mudaremos o perfil, deixando de ser uma cidade de veraneio para gerar empregos durante todo o ano", detalha. O projeto do porto ainda está sob análise para licença ambiental.

O secretário garante que os impactos ao meio ambiente serão mínimos. "Com o incremento do orçamento do município, que deverá passar de R$ 82 para R$ 300 milhões já no segundo ano de funcionamento do porto, teremos recursos para investir no turismo e proteção ambiental, além de educação, saúde e outros setores."

As projeções indicam que, até 2040, 223 municípios perdem moradores e 176 cidades ganham. Dos 223 municípios com decréscimo populacional, 142 têm até 10 mil habitantes e 62 têm de 10 mil a 20 mil habitantes. "É preciso notar, porém, que a perda de população não quer dizer perda de dinamismo econômico. Juntos, esses 204 municípios representam 38,6% do PIB agropecuário do Estado", diz. "Enquanto os pequenos municípios vão ter que se acostumar com uma população menor e se adaptar, os que têm previsão de ganho de população acima da média precisam se preparar para ter um crescimento ordenado."