Imagem ilustrativa da imagem Estudantes decidem pela continuação das ocupações
| Foto: Mariana Franco Ramos



Curitiba - Reunidos desde as 11h da manhã desta quarta-feira (26), em Curitiba, os estudantes secundaristas decidiram pela continuação das ocupações por tempo indeterminado. Foram mais de 400 participantes, de diferentes escolas e regiões do Estado. Na pauta, os rumos do movimento "Ocupa Paraná". Representantes da Defensoria Pública e do Ministério Público acompanharam a reunião, que se estendeu até o fim da tarde.

Os jovens discutem questões como a situação dos mais de 800 colégios ocupados e uma possível "anistia" aos alunos que lideram as ações, com a garantia de que não serão perseguidos pelas direções. Também debatem a proposta do governo Beto Richa (PSDB) de não implementar a reforma no ensino médio sem uma consulta ampla à comunidade escolar e a possibilidade de construir uma conferência no Estado.



"As mãos de vocês estão sujas de sangue"

O discurso de uma estudante de apenas 16 anos deixou os deputados que acompanhavam a sessão desta quarta-feira (26) na Assembleia Legislativa (AL)do Paraná no mínimo constrangidos. Aluna do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, em Curitiba, Ana Julia Pires Ribeiro subiu à tribuna para defender a "Primavera Secundarista" e responder a acusações dos próprios parlamentares, feitas no dia anterior, de que o movimento foi o responsável pela morte do jovem Lucas Eduardo Araújo Mota, também de 16 anos, numa escola ocupada anteontem, na capital paranaense.

"A minha pergunta inicial é: de quem é a escola? A quem a escola pertence? Eu acredito que todos aqui já saibam essa resposta. E é com a confiança de que vocês conhecem essa resposta que eu falo para vocês sobre a legitimidade desse movimento, sobre a legalidade (...)", afirmou. O movimento já atinge mais de mil escolas no Brasil, sendo cerca de 800 no Paraná. "Ontem eu estava no velório do Lucas. E eu não me recordo de nenhum desses rostos aqui. Não me recordo de nenhum (...) Vocês estão aqui representando o Estado e eu os convido a olhar nas mãos de vocês. Estão sujas de sangue", disparou.



Em Londrina

Representantes dos colégios estaduais de Londrina que estão ou estiveram ocupados se reuniram na manhã desta quarta-feira (26), no Colégio Estadual Newton Guimarães, localizado na região Central da cidade, com a finalidade de discutir os próximos passos em relação às ocupações. Apenas secundaristas puderam entrar para acompanhar e participar das discussões.

Entre os principais itens da pauta estiveram táticas de manifestação para dar continuidade ao movimento fora das escolas; como coibir as invasões do Movimento Brasil Livre - que é contra as ocupações e tem protagonizado confusões nas entradas dos colégios; a produção de materiais para divulgar as posições e ideias do movimento à sociedade; a organização de manifestações externas, sobretudo em locais públicos da cidade; e a liberação dos colégios para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), agendado para 5 e 6 de novembro.

No período da tarde, ao término da reunião, um dos representantes do Colégio Estadual Newton Guimarães, Matheus Corrêa, de 18 anos, afirmou que a ideia não é mais resistir. "Decidimos que agora devemos dar uma força aos estudantes que ainda estão ocupados, conforme os colégios forem sendo reintegrados. O importante é prezar pela segurança", destaca.

Além disso, o representante contou ao Portal Bonde que o colégio já sofreu tentativas de invasão. "Já tentaram pular o portão, já tentaram pular a grade da escola também e já conseguiram pular o portão da frente. Mas estávamos de olho e nada aconteceu. Por isso, é importante prezar sempre pela segurança", ressalta.

'O importante agora é prezar pela segurança', diz representante de colégio ocupado em Londrina

Fernanda Circhia - Redação Bonde - 26/10/2016 -- 19:58
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Representantes dos colégios estaduais de Londrina que estão ou estiveram ocupados se reuniram na manhã desta quarta-feira (26), no Colégio Estadual Newton Guimarães, localizado na região Central da cidade, com a finalidade de discutir os próximos passos em relação às ocupações. Apenas secundaristas puderam entrar para acompanhar e participar das discussões.

Entre os principais itens da pauta estiveram táticas de manifestação para dar continuidade ao movimento fora das escolas; como coibir as invasões do Movimento Brasil Livre - que é contra as ocupações e tem protagonizado confusões nas entradas dos colégios; a produção de materiais para divulgar as posições e ideias do movimento à sociedade; a organização de manifestações externas, sobretudo em locais públicos da cidade; e a liberação dos colégios para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), agendado para 5 e 6 de novembro.

No período da tarde, ao término da reunião, um dos representantes do Colégio Estadual Newton Guimarães, Matheus Corrêa, de 18 anos, afirmou que a ideia não é mais resistir. "Decidimos que agora devemos dar uma força aos estudantes que ainda estão ocupados, conforme os colégios forem sendo reintegrados. O importante é prezar pela segurança", destaca.

Além disso, o representante contou ao Portal Bonde que o colégio já sofreu tentativas de invasão. "Já tentaram pular o portão, já tentaram pular a grade da escola também e já conseguiram pular o portão da frente. Mas estávamos de olho e nada aconteceu. Por isso, é importante prezar sempre pela segurança", ressalta.

Curitiba

Em Curitiba, mais de 400 estudantes, de diferentes escolas e regiões do Paraná, também estiveram reunidos desde as 11h desta quarta-feira, para as definições dos próximos passos do movimento "Ocupa Paraná".

Os estudantes discutiram questões sobre o número de colégios ocupados. Também falaram sobre uma possível "anistia" aos alunos que lideram as ações, com a garantia de que não serão perseguidos pelas direções.

Além de debaterem também em relação à proposta do governo Beto Richa (PSDB) de não implementar a reforma no ensino médio sem uma consulta ampla à comunidade e a possibilidade de construir uma conferência no Estado. A decisão foi pela continuidade das ocupações.

"As mãos de vocês estão sujas de sangue"

O discurso de uma estudante de apenas 16 anos deixou os deputados que acompanhavam a sessão desta quarta-feira na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná no mínimo constrangidos. Aluna do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, em Curitiba, Ana Julia Pires Ribeiro subiu à tribuna para defender a "Primavera Secundarista" e responder a acusações dos próprios parlamentares, feitas no dia anterior, de que o movimento foi o responsável pela morte do jovem Lucas Eduardo Araújo Mota, também de 16 anos, numa escola ocupada, segunda-feira, na capital paranaense.

"A minha pergunta inicial é: de quem é a escola? A quem a escola pertence? Eu acredito que todos aqui já saibam essa resposta. E é com a confiança de que vocês conhecem essa resposta que eu falo para vocês sobre a legitimidade desse movimento, sobre a legalidade (...)", afirmou.

O movimento já atinge mais de mil escolas no Brasil, sendo cerca de 800 no Paraná. "Ontem eu estava no velório do Lucas. E eu não me recordo de nenhum desses rostos aqui. Não me recordo de nenhum (...) Vocês estão aqui representando o Estado e eu os convido a olhar nas mãos de vocês. Estão sujas de sangue", disparou.

Marcos Zanutto/Grupo Folha
Marcos Zanutto/Grupo Folha


Reintegrações

Seis mandados de reintegração de posse foram concedidos pela Justiça na última segunda-feira (24). Foram cumpridos, na última terça, cinco deles. Foram desocupados os colégios: Hugo Simas, Professora Ubedulha de Oliveira, Vicente Rijo e Marcelino Champagnat.

Conforme números divulgados pela chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina, Lucia Cortez, na última segunda, até o momento, já contando com a desocupação do final da tarde desta quarta, são 18 colégios ocupados.

Ainda na tarde desta quarta-feira (26), foram desocupados os Colégios Estaduais Maria do Rosário Castaldi e o Professora Maria José Aguilera. Voluntariamente, os alunos do Colégio Estadual Willie Davids desocuparam a escola também nesta quarta. No Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, apesar da determinação de reintegração ser imediata, os alunos devem deixar a escola até as 9h desta quinta-feira (27).

Já foram desocupadas as seguintes escolas:

- Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL)
- Colégio Estadual Albino Feijó
- Colégio Estadual Vicente Rijo
- Colégio Estadual Marcelino Champagnat
- Colégio Estadual Hugo Simas
- Colégio Estadual Professora Maria José Aguilera
- Colégio Estadual Maria do Rosário Castaldi
- Colégio Estadual Professor Ubedulha de Oliveira
- Colégio Estadual Benjamin Constant

As próximas escolas que serão reintegradas são:

- Colégio Estadual Olympia Morais Tormenta
- Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros
- Colégio Estadual Polivalente

A chefe do NRE afirma que, primeiramente, serão reintegradas as escolas que terão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Acredito que com as desocupações de amanhã, todas as escolas que receberão o Enem já estarão liberadas. Em seguida, serão desocupadas escolas de Cambé, Ibiporã e Rolândia. Depois, mais mandados serão expedidos pela Justiça, em relação aos demais colégios de Londrina", diz.

Também nesta quinta-feira (27), o Colégio Estadual Maria Cintra de Alcântara, de Tamarana receberá um mandado para reintegração de posse.

"É uma preocupação muito grande. Sempre que sabemos que mais alguma escola foi ocupada, eu informo a PGE e a Defensoria Pública. Nós ficamos preocupados com a segurança dos estudantes", relata a chefe do NRE.

Nesta quarta-feira (26), Lucia Cortez esteve no Ministério Público. De acordo com ela, eles queriam saber como estava a situação nas escolas ocupadas. "Eles afirmaram que estão preocupados com a segurança, pois recebem denúncias, mas quando os colégios são reintegrados, tudo é encontrado em ordem", explica.

Não houve qualquer registro de incidente ou confusão enquanto os estudantes deixavam as cinco unidades desocupadas na terça. "Tudo foi realizado pacificamente e com tranquilidade", ressalta Lucia.

Relembrando

Os colégios estaduais Albino Feijó Sanches e Vani Ruiz foram desocupados no último dia 14, e o Colégio Estadual Paiquerê, que apareceu nas listas divulgadas pelo movimento "Ocupa Paraná", nunca esteve ocupado, conforme a diretora geral Selma Sanchez.

Balanço

Segundo os últimos números divulgados pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), são 851 colégios estaduais ocupados no Paraná.

A Secretaria de Estado da Educação (Seed) respondeu em nota, nesta quarta, que até o momento, são 672 escolas ocupadas, que representa 27% do total de colégios estaduais. Em relação às escolas paralisadas, são 2%. Parcialmente, 23% e, funcionando normalmente, 48%.

Pelo menos 1.108 instituições de ensino estão ocupadas pelos estudantes em 19 estados e no Distrito Federal, de acordo com levantamento da Ubes. Além de 1.022 escolas e institutos federais, há 82 universidades ocupadas e quatro Núcleos Regionais de Educação.

Há pelo menos 66 instituições ocupadas em Minas, 13 no Rio Grande do Sul e 10 no Rio Grande do Norte, assim como em Goiás. No Distrito Federal são oito as instituições invadidas e no Rio, são sete os casos. São Paulo vem logo em seguida, com cinco escolas. (Com informações dos repórteres Auber Silva e Fernanda Circhia do Grupo Folha e Agência Estado)


Atualizado às 19h15