Imagem ilustrativa da imagem Educação reduz ritmo de avanço do IDHM



Quase 5 milhões de jovens entre 18 e 20 anos não completaram o ensino médio. O número equivale a 48% da população dessa faixa etária no Brasil. O dado faz parte do estudo Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal). O levantamento, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), leva em conta informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo aponta que o desenvolvimento humano no Brasil permaneceu em evolução entre 2011 e 2014. O índice chegou a 0,761, sendo 1 o mais alto e 0 o mais baixo. O cálculo considerou indicadores referentes a educação, renda e longevidade da população. Neste período, o crescimento médio do IDHM no País foi de 1% ao ano. Porém, entre 2000 e 2010, o crescimento médio anual foi de 1,7%. Em 2000, o índice era de 0,612.
O coordenador de Estudos Setoriais Urbanos do Ipea, o economista Marco Aurélio Costa, destaca que a desaceleração no avanço do IDHM ocorreu, principalmente, em razão do indicador ligado à educação. Em 2014, 39% da população acima de 18 anos não tinham o ensino fundamental completo, o que equivale a, aproximadamente, 58 milhões de pessoas.
O IDHM da educação analisa a escolaridade da população adulta, a frequência escolar de crianças, adolescentes e jovens e se os estudantes estão em séries compatíveis com a idade. "A gente tem menos de dois terços dos jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo e pouco mais da metade dos jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo. Isso gera uma série de problemas para o futuro do País. Uma população com baixa escolaridade significa um setor produtivo carente de pessoas capazes de lidar com os desafios do mundo contemporâneo, de um mundo em transformações que exige da gente uma série de adaptações. Com uma população com baixa escolaridade, a gente não consegue lidar com os desafios que virão pela frente", alertou o economista.
De acordo com o pesquisador, o número de adolescentes de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo teve avanço de 3,7% ao ano entre 2000 e 2010. Já entre 2011 e 2014, esse avanço foi de 2,4% ao ano.
Já em relação à quantidade de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo, o aumento foi de 5,1% ao ano (entre 2000 e 2010) e de 2,4% ao ano (entre 2011 e 2014). Mesmo com a desaceleração, o IDHM da educação ficou em 0,706. Quanto mais próximo do 1, mais alto é o índice.
A presidente executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, destaca que os índices da educação impactam em indicadores como saúde, violência urbana, crescimento econômico, entre outros. "Demoramos muito para ter indicadores melhores na educação e a gente está nesse ritmo desacelerado em um período em que ter jovens com ensino médio completo é o mínimo para a economia do século XXI. A educação, mais do que ser vista como uma área importante, tinha que ser vista como eixo central do programa de desenvolvimento do País", afirmou. Conforme Priscila, mais de 2,7 milhões de crianças estão fora da escola no Brasil. Os resultados da pesquisa feita pelo Ipea, segundo ela, reforçam a necessidade de reforma no ensino médio, porém, após uma ampla discussão envolvendo a sociedade.

LONGEVIDADE E RENDA
O IDHM de longevidade também apresentou desaceleração no crescimento médio anual de 1,2% (entre 2000 e 2010) para 0,6% (entre 2011 e 2014). Ainda assim, a expectativa de vida aumentou de 68,6 anos, em 2000, para 75,1, entre 2014. "A longevidade é o componente que apresenta os melhores indicadores. É natural que, com o tempo, haja uma queda no ritmo de crescimento no IDHM Longevidade", comentou Costa.
Segundo ele, o IDHM relacionado à renda foi o único em que houve aceleração do crescimento anual. O índice passou de 0,7% ao ano (entre 2000 e 2010) para 1,1% ao ano (entre 2011 e 2014). Para o economista, o resultado é reflexo de políticas sociais como o Bolsa Família.

REGIÕES METROPOLITANAS
O estudo reúne ainda indicadores por Estado e de nove regiões metropolitanas do Brasil. Os melhores desempenhos entre 2011 e 2014 foram constatados nas regiões metropolitanas de Curitiba, Recife e Rio de Janeiro. No entanto, segundo Costa, os dados são insuficientes para analisar a qualidade de vida nessas regiões. "O que a gente pode dizer é que as condições de desenvolvimento humano nessas regiões metropolitanas, de fato, neste período de 2011 a 2014, foram mais favorecidas do que no restante do País. Para falar de condições de vida ou de qualidade de vida, teríamos que inserir indicadores ambientais e trabalhar com indicadores de vulnerabilidade social de maneira mais profunda", ressaltou.