Rio - O descarrilamento de um trem na zona norte do Rio provocou ontem o colapso de praticamente toda a rede de transportes na capital fluminense, impedindo que milhares de pessoas seguissem para o trabalho. Por quase onze horas, nenhuma composição chegou à estação ferroviária Central do Brasil, por onde passam diariamente mais de 600 mil pessoas. O acidente ocorreu às 5h15, perto da estação São Cristóvão, quando um trem descarrilado atingiu a estrutura que sustenta os cabos da rede aérea, interrompendo o fornecimento de energia nos cinco ramais operados pela concessionária Supervia, controlada pela construtora Odebrecht.
O trem que descarrilou e o suporte da rede aérea que caiu estão em uso há cinco décadas, e os dormentes na região ainda são de madeira. Houve reforço na frota de ônibus e nos trens do metrô, mas isso não impediu a superlotação e o caos para o cidadão que depende do transporte público, principalmente moradores das zonas norte e oeste, além da Baixada Fluminense. O secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, foi cercado por seguranças depois de ser hostilizado por usuários de trem, revoltados com o descaso. Nas estações e nas ruas não havia informações nem orientação para passageiros. Muitos foram obrigados a caminhar pelos trilhos. Em entrevista, Lopes atribuiu os problemas a décadas de abandono, apesar dos sete anos da atual gestão, e disse que os problemas enfrentados pelos usuários só vão melhorar em 2016, com a prometida renovação da frota e ampliação da capacidade. "Quero registrar que não tivemos vítimas. Quando há paralisação total do sistema, não há plano de contingência que resolva o problema." Em fotografia tirada durante vistoria no local do acidente, Lopes aparece dando uma gargalhada. Depois, um usuário de trem irado foi na direção dele: "FDP, você não anda de trem, não sabe o que a gente passa."