Caso Estela Pacheco segue sem previsão de julgamento
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
Rafael Machado<br>Grupo Folha
Quase quatro meses depois que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) optou por transferir o julgamento do pecuarista Mauro Janene de Londrina para Ponta Grossa, em agosto, o processo que apura a morte da professora de música Estela Pacheco, crime registrado em 2000, tramita lentamente. O caso está sob os cuidados da juíza Letícia Pacheco Lustosa, responsável pelo Tribunal do Júri. Na última movimentação, no final de novembro, a magistrada intimou a acusação e defesa para apresentação de testemunhas.
Na época com 35 anos, Estela Pacheco foi encontrada morta no pátio de um edifício de alto padrão, onde Janene morava, da Rua Paranaguá, na área central. A suspeita é que a vítima tenha sido jogada do 12ª andar do prédio, versão reforçada por exames feitos pelo IML (Instituto Médico Legal). Desde o oferecimento da denúncia, o réu nega ter sido o responsável pela morte da professora.
Em Londrina, a juíza Elisabeth Kather, da 1ª Vara Criminal, tentou marcar o júri do pecuarista por seis vezes. Em todas as oportunidades, a defesa conseguiu reverter a decisão em primeira instância. O último adiamento, em março deste ano, foi motivado por um despacho do desembargador Clayton Camargo, do TJ. Em dezembro de 2014, Janene livrou-se novamente graças a um habeas do STF (Supremo Tribunal Federal).
O advogado Marcos Ticianelli, que defende a família de Estela, salientou que, após o desaforamento para Ponta Grossa, alguns avanços foram obtidos. "É moroso, lento e até agora não temos nenhuma previsão. Em contato com funcionários da Vara Criminal do municípo, fui informado de que a pauta de júris está razoável. Quem sabe no começo do ano tenhamos uma novidade", afirmou.
Para a jornalista Laila Pacheco Menechino, filha de Estela, a demora da Justiça torna os dias mais angustiantes. "Os últimos meses foram permeados de dor e indignação. Tivemos que engolir a transferência para outra cidade, o que, na minha opinião, é uma injustiça. É muita incerteza e sinal de transtorno, porque não sabemos qual será o promotor que cuidará do caso", relatou.
A defesa de Janene impetrou recurso alegando que, se o julgamento ocorresse em Londrina, haveria perigo de conturbação da ordem pública. O argumento foi veementemente criticado por Menechino. "É um absurdo. Se fosse aqui (Londrina), seria imparcial. Hoje em dia, em época de redes sociais, a informação roda rapidamente. Qualquer um pode digitar no Google e se inteirar das notícias do caso, que é público não por um pré-julgamento, mas pela lentidão judicial", afirmou.
A reportagem tentou contato com a advogada Gabriela Silva, que defende Mauro Janene, mas ela não retornou as ligações.