Quase quatro meses depois que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) optou por transferir o julgamento do pecuarista Mauro Janene de Londrina para Ponta Grossa, em agosto, o processo que apura a morte da professora de música Estela Pacheco, crime registrado em 2000, tramita lentamente. O caso está sob os cuidados da juíza Letícia Pacheco Lustosa, responsável pelo Tribunal do Júri. Na última movimentação, no final de novembro, a magistrada intimou a acusação e defesa para apresentação de testemunhas.

A história da professora Estela Pacheco retratada pelo Movimento "Justiça para Estela" em frente ao Fórum Criminal
A história da professora Estela Pacheco retratada pelo Movimento "Justiça para Estela" em frente ao Fórum Criminal | Foto: Reprodução/Justiça Para Estela


Na época com 35 anos, Estela Pacheco foi encontrada morta no pátio de um edifício de alto padrão, onde Janene morava, da Rua Paranaguá, na área central. A suspeita é que a vítima tenha sido jogada do 12ª andar do prédio, versão reforçada por exames feitos pelo IML (Instituto Médico Legal). Desde o oferecimento da denúncia, o réu nega ter sido o responsável pela morte da professora.

Em Londrina, a juíza Elisabeth Kather, da 1ª Vara Criminal, tentou marcar o júri do pecuarista por seis vezes. Em todas as oportunidades, a defesa conseguiu reverter a decisão em primeira instância. O último adiamento, em março deste ano, foi motivado por um despacho do desembargador Clayton Camargo, do TJ. Em dezembro de 2014, Janene livrou-se novamente graças a um habeas do STF (Supremo Tribunal Federal).

Juíza Elisabeth Kather e a filha da vítima, a jornalista Laila Pacheco Menechino
Juíza Elisabeth Kather e a filha da vítima, a jornalista Laila Pacheco Menechino | Foto: Reprodução/Arquivo FOLHA


O advogado Marcos Ticianelli, que defende a família de Estela, salientou que, após o desaforamento para Ponta Grossa, alguns avanços foram obtidos. "É moroso, lento e até agora não temos nenhuma previsão. Em contato com funcionários da Vara Criminal do municípo, fui informado de que a pauta de júris está razoável. Quem sabe no começo do ano tenhamos uma novidade", afirmou.

Para a jornalista Laila Pacheco Menechino, filha de Estela, a demora da Justiça torna os dias mais angustiantes. "Os últimos meses foram permeados de dor e indignação. Tivemos que engolir a transferência para outra cidade, o que, na minha opinião, é uma injustiça. É muita incerteza e sinal de transtorno, porque não sabemos qual será o promotor que cuidará do caso", relatou.

A defesa de Janene impetrou recurso alegando que, se o julgamento ocorresse em Londrina, haveria perigo de conturbação da ordem pública. O argumento foi veementemente criticado por Menechino. "É um absurdo. Se fosse aqui (Londrina), seria imparcial. Hoje em dia, em época de redes sociais, a informação roda rapidamente. Qualquer um pode digitar no Google e se inteirar das notícias do caso, que é público não por um pré-julgamento, mas pela lentidão judicial", afirmou.

A reportagem tentou contato com a advogada Gabriela Silva, que defende Mauro Janene, mas ela não retornou as ligações.