Curitiba - Um morador de rua foi encontrado morto entre a madrugada de anteontem e a noite de ontem na Praça Tiradentes, no centro de Curitiba. De acordo com a Fundação de Ação Social (FAS), órgão ligado à prefeitura, Adilson José Juk tinha 41 anos e era atendido desde 2003, mas recusou ser acolhido pelas equipes de resgate. Nessa terça-feira (18), a cidade chegou a registrar -1,3°C, a temperatura mais baixa de 2017. A FAS informou que aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML) para verificar a causa do óbito.

Ainda conforme a administração municipal, colegas de Juk, que dormiam na mesma região, o avistaram já sem vida. A Polícia Militar (PM) e a entidade de assistência fizeram o primeiro atendimento e, constatada a morte, o corpo foi encaminhado ao IML. "Após recusar atendimento da FAS , por estar fortemente drogado e alcolizado (sic), morreu um homem na praça Tiradentes, num quadro de convulsões. Não queremos perder ninguém por abandono, mas as forças do mal insistem no ‘direito’ de permanecer na rua", escreveu Greca, em sua conta no Facebook.

Também de acordo com a prefeitura, amigos da vítima relataram que ela sofreu duas convulsões nos últimos dias. O homem era atendido pelo "Consultório na Rua", fez tratamento para dependência química e, prossegue a FAS, sempre descartava acolhimento. Ontem, a capital paranaense voltou a amanhecer a 0°C, graças à persistência da atuação da massa de ar polar, que traz ar frio e seco ao Paraná. Segundo o Instituto Simepar, a máxima chegou à casa dos 12ºC, no meio da tarde. A mínima foi abaixo de zero: -1,3°C na madrugada.

Das 19 horas de terça-feira (18) às 7 horas de quarta-feira (19), a prefeitura recebeu 195 pedidos de atendimento a pessoas em situação de rua. As solicitações foram feitas à Central 156. A expectativa é de que o número aumente, pois equipes percorreram as regionais da cidade fazendo a busca ativa de homens e mulheres.

Para a ação emergencial, realizada sempre que a temperatura chega a 7°C, a fundação contou com 11 equipes de abordagem social, 33 assistentes e educadores sociais e apoio técnico. Houve um reforço de duas equipes às 24 horas, em função da demanda. Na noite do óbito, de acordo com a entidade, 58 pessoas recusaram encaminhamento aos abrigos e permaneceram no local e 57 aceitaram acolhimento. Além disso, 68 não estavam no lugar apontado pelo cidadão que ligou ao 156.

Também aconteceu um retorno para a família e um adolescente foi reencaminhado à unidade social onde já era atendido. Às 4 horas, diz a FAS, 95% das 900 vagas oferecidas para pernoite estavam ocupadas. "Mandei ampliar em 50 leitos as 800 vagas que tínhamos até ontem. Não queremos perder ninguém por abandono, contra nós a ideologia perversa do (falso) direito de ficar na rua adversa e gelada", completou Greca.