São Paulo - O sírio Abdulbaset Jarour, 27, tem experiência em administração de empresas e fala três idiomas: árabe, inglês e português. A moçambicana Lara Lopes, 33, é da área de tecnologia da informação (TI) e fala inglês. Em comum, além da boa qualificação profissional, os dois estão refugiados no Brasil e enfrentam dificuldades para conseguir uma colocação no mercado de trabalho equivalente à formação educacional.

A campanha Talentos Invisíveis, da Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados e do Parr (Programa de Apoio para a Recolocação do Refugiado), busca dar visibilidade a essas trajetórias para que eles sejam reconhecidos por suas potencialidades e valores ao disputar uma vaga.

A campanha conta com vídeos, fotos e currículos que reforçam as qualificações de pessoas como Lara e Abdul. No site Talentos Invisíveis (www.talentosinvisiveis.com.br) estão disponíveis os materiais de divulgação e há canais de contato para empregadores. Para ter acesso aos currículos, é necessário ser cadastrado no LinkedIn. Os dez participantes da campanha foram escolhidos por uma curadoria, mas outros cadastros podem ser acessados no programa de recrutamento Parr.

Miguel Pachioni, assistente de informação pública da Acnur, acredita que faltam informações por parte dos contratantes sobre a condição de refugiado, o que resulta na construção de estigmas. "A gente não enxerga apenas uma pessoa que necessita de segurança, proteção, mas também de uma vida digna. Isso faz com que ela tenha que ter ao seu alcance a possibilidade de exercer e de contribuir para a sociedade que passa a integrar", apontou. Para ele, o trabalho é uma forma digna de reconhecimento da capacidade cultural e intelectual dos refugiados.