São Paulo - Três pessoas ficaram feridas na tarde desta terça (23) durante uma ação da gestão João Doria (PSDB) para demolir imóveis na região da cracolândia, no centro de São Paulo. As vítimas foram levadas a hospitais da região com ferimentos leves.
Uma escavadeira da prefeitura deu início à demolição de uma pensão da alameda Dino Bueno, em Santa Cecília, por volta das 14 horas, com moradores ainda dentro. As demolições fazem parte da ação da prefeitura na região após operação policial do governo do Estado de domingo (21).
Doria chegou a passar pela cracolândia, mas deixou o local à tarde. A administração confirmou em entrevista coletiva, já por volta das 16h30, que os moradores ficaram feridos por conta da ação da prefeitura.
"Não sei o que aconteceu, nem sei se aconteceu alguma coisa. Só sei que os bombeiros estão aqui", disse o secretário de assistência social, Felipe Sabará.
Ao todo, nove equipes dos bombeiros foram encaminhadas para o local.
Também na tarde desta terça-feira, dependentes químicos e moradores de rua voltaram a se espalhar pela região da cracolândia, chegando a concentrar centenas deles na praça Princesa Isabel. Policiais militares foram enviados para lá, o que fez um grupo tentar retornar para o local onde eles costumavam se concentrar antes da ação de domingo.

INTERDIÇÕES
Nesta terça, a prefeitura também começou a fechar estabelecimentos comerciais na cracolândia, com funcionários da prefeitura construindo muros na porta de bares das ruas Helvetia e Dino Bueno, quarteirão onde usuários de crack ficavam aglomerados.
Ao menos dois bares foram lacrados antes mesmo que os proprietários tivessem tempo de retirar seus pertences e produtos.
Foi o caso da comerciante Magnólia Porto Coutinho, 45, que tem um bar na rua Helvétia há quatro anos. "Um guarda entrou, disse que eu não tinha extintor e, por isso, seria fechado. Não deram tempo de eu tirar nada", diz.

DENÚNCIA
As organizações civis Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas e a Conectas Direitos Humanos denunciarão em audiência na (CIDH) Comissão Interamericana de Direitos Humanos, nesta quarta-feira (24), a operação coordenada pelo governo do Estado e pela Prefeitura de São Paulo na região da cracolândia, ocorrida no domingo (21).
As duas entidades levarão o caso ao órgão, ligado à OEA (Organização dos Estados Americanos). O episódio será registrado em um relatório com recomendações da CIDH ao Estado brasileiro. A comissão é um braço do sistema de promoção e proteção de garantias humanitárias nas Américas.