A universidade montou dois reservatórios para a larvicultura e um espaço com estufa para a manutenção dos reprodutores
A universidade montou dois reservatórios para a larvicultura e um espaço com estufa para a manutenção dos reprodutores | Foto: Fotos: Universidade Federal da Fronteira Sul/Divulgação


O trabalho realizado com os camarões de água doce em Palotina já está impactando em outras regiões, inclusive com projetos de outras instituições de ensino. Um exemplo é da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Laranjeiras do Sul, que apostou na produção de pós-larvas dentro do campus após um grupo de alunos ter realizado um estágio na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2014.

Após esse contato com o trabalho, o projeto de extensão coordenado pela professora do curso de engenharia de aquicultura da UFFS, Silvia Romão, iniciou uma pesquisa de potencial da atividade entre os piscicultores e foram buscar as primeiras pós-larvas no Rio de Janeiro. "Nesse primeiro momento, foram cerca de 6 mil pós-larvas para entendermos o processo. A perda de camarões foi muito grande, cerca de 60% entre o transporte e o primeiro ciclo de cultivo", explica a professora.

Entretanto, os camarões que sobreviveram mostraram um potencial muito grande e isso animou a região a continuar com o trabalho. Em 4 meses, a média foi de 40 gramas por animal. A partir daí a universidade montou dois reservatórios para a larvicultura e um espaço com estufa para a manutenção dos reprodutores. Foram cerca de 14 mil pós-larvas produzidas e distribuídas para cinco produtores. "Tivemos então produtores colocando o camarão na feira do peixe vivo, o que chamou muito a atenção, inclusive de pessoas de outros estados que vieram nos visitar. Nossa proposta nunca foi comercializar as pós-larvas, mas disseminar essa alternativa".

No primeiro ciclo completo na região, a produção fechou em 200 quilos de camarão
No primeiro ciclo completo na região, a produção fechou em 200 quilos de camarão



A partir daí, muitos produtores interessados começaram a buscar de forma independente pós-larvas em outros estados, como no Rio de Janeiro. Como a piscicultura, apesar do grande potencial, ainda não é vista como a atividade primária na região de Laranjeiras, existem muitos problemas em relação à sobrevivência dos animais. "A dificuldade está no preparo do ambiente para a estocagem das pós-larvas. São tanques antigos, com talude na forma incorreta, muito lodo no fundo que atrapalha a despesca, com fugas e predação de insetos devido ao mato em torno dos tanques. Esses foram os principais problemas".

No primeiro ciclo completo na região, a produção fechou em 200 quilos de camarão. "Ainda é pouco devido ao conhecimento na cadeia, mas com ótimas perspectivas. Temos um grupo de ex-alunos inclusive empreendendo nessa área, montando uma larvicultura na região. A ideia é a produção de pós-larvas no inverno em ambiente climatizado, para que no início de setembro elas estejam prontas para ir aos tanques em temperaturas mais altas. Aí poderemos ter dois ciclos antes do inverno". (V.L.)