Originário de países próximos ao mar Mediterrâneo, o brócolis necessita de frio e climas mais amenos para crescer saudável e atender o consumidor. Mas com o passar dos anos, os melhoristas brasileiros conseguiram adaptar materiais genéticos que podem ser produzidos no verão, principalmente os de cabeça-única. "É claro que estamos falando em locais onde o verão é menos agressivo", explica o professor do departamento de ciências agronômicas da UEM, Rerison Catarino da Hora.

O especialista explica ainda que já há materiais resistentes às principais doenças que atacam a cultura, como as de origem bacteriana. "Por outro lado, ainda não temos tantas variedades como em países do Hemisfério Norte, como os Estados Unidos".

Entre os problemas que ainda causam dor de cabeça aos produtores nacionais, estão a traça das crucíferas, que atacam de forma mais incisiva em países de clima tropicalizado. "Outra praga comum são os pulgões, que deprecia demais o produto. Se houve ataque de pulgões na lavoura, existe uma grande possibilidade do consumidor encontrar no meio do produto na hora do preparo".

O terceiro ponto que Rerison bate na tecla é em relação à nutrição da planta, que se não for feita com qualidade, pode deixar a cabeça pequena e leve. "A nutrição corresponde a 20% a 30% dos custos de produção. Quanto melhor for o manejo, com uso de matéria orgânica, esterco, cuidado com o solo e irrigação, menor é a necessidade de adubar".

Nas contas do professor, o ideal é trabalhar com 50 mil plantas por ha, e numa conta jogando a unidade a R$ 3, pode gerar R$ 150 mil bruto por ha. "É uma olerícola de alto valor agregado, mas não é fácil de produzir. É preciso um manejo adequado da planta, água e solo".

Não por acaso, o Simpósio Sul-Brasileiro de Olericultura, realizado na UEM no início deste mês, focou no brócolis em uma das suas estações de trabalho. O evento reuniu 600 agricultores numa área de cinco mil metros quadrados. Para o coordenador do Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural de Horticultura da UEM, professor José Usan Torres Brandão Filho, a cultura do brócolis tem um potencial muito grande para se desenvolver no Estado. "No cinturão verde de Curitiba já é uma produção bastante significativa. Aqui na região Norte, como em Tamarana, estão começando a pensar nisso".

Por fim, Brandão Filho relatou que entre as dificuldades enfrentadas pelos produtores de hortaliças estão as ameaças mais intensas como pragas, doenças, clima e solo. "Se fosse para traçar um paralelo, em uma plantação de soja, por exemplo, há em média 15 ameaças, enquanto em uma de tomate há em torno de 100", compara.

Em 2015, o mercado de hortaliças movimentou aproximadamente R$ 4 bilhões no Paraná, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). De 2000 a 2015 houve um crescimento de 77% na produção que, segundo o relatório de olericultura da pasta, se deve basicamente ao investimento em novas tecnologias, manejo e conservação do solo agrícola. (V.L.)