Taxa anual de produtividade média no Brasil está em 33 quilos por hectare ano, no Paraná, a taxa ficou em 27 kg/ha/ano
Taxa anual de produtividade média no Brasil está em 33 quilos por hectare ano, no Paraná, a taxa ficou em 27 kg/ha/ano | Foto: Marcos Zanutto/04-03-2013



A discussão sobre como evolui a produtividade da soja não é recente e também fez com que instituições de pesquisa analisassem o assunto para saber como esses números caminham no País. A Embrapa Soja, então, resolveu fazer uma análise bem criteriosa em cima dos números da Conab nas últimas 20 safras. Um raio-x da área, produção e produtividade.

A constatação dos pesquisadores, por meio de modelos matemáticos, é que a taxa anual de produtividade média no Brasil tem sido na ordem de 33 quilos por hectare ano (kg/ha/ano). No caso do Paraná, a taxa ficou em 27 kg/ha/ano. Ou seja, valores ficam em média de meia saca por hectare ano. Para o pesquisador da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot, não se trata de uma "taxa de crescimento grande, mas satisfatória". "Estamos falando de números bem semelhantes aos dos Estados Unidos. Isso já um indicativo de que estamos no caminho certo".

Na percepção do pesquisador, as taxas de aumento de produtividade vão continuar no futuro num ritmo bem similar ao que temos nas safras atuais. "Isso é mais um chute, porque é difícil prever o futuro nesse sentido. Novas cultivares vão surgindo, maquinários, fertilizantes e outros produtos químicos. Mas acredito que a evolução vai ser similar ao que ocorreu na última década".

Para Balbinot, toda a cadeia – pesquisa, transferência de tecnologia, assistência técnica, cooperativas, empresas privadas e principalmente o produtor rural – "fez o dever de casa, "produzindo bem, com rentabilidade e sustentabilidade ambiental". "Apesar disso, ainda temos um campo grande para avançar. Vemos gargalos em algumas regiões e o ponto fundamental é a construção da qualidade do solo pelo manejo. Uma situação técnica que ainda limita a produtividade da soja".

O pesquisador Avaldi Balbinot afirma que o País tem um campo grande para avançar, "o ponto fundamental é a construção da qualidade do solo pelo manejo"
O pesquisador Avaldi Balbinot afirma que o País tem um campo grande para avançar, "o ponto fundamental é a construção da qualidade do solo pelo manejo" | Foto: Arquivo Embrapa



Para manter uma qualidade no perfil do solo com o intuito de sustentar altas produtividades, o produtor precisa focar em algumas técnicas de manejo. Mais uma vez, percebe-se que o solo anda esquecido. "Não se trata apenas do teor de nutrientes, mas também da atividade biológica, química, física. E sobretudo a construção de um solo fértil, de alta qualidade e de um perfil até um metro de profundidade para ter crescimento abundante de raízes, capturar e absorver nutrientes e água".

Além do solo, Balbinot ressalta ainda que falta ao produtor conhecimento em outras áreas, até mais simples, como gessagem e calagem. "Não podemos esquecer outros gargalos menores, como o manejo fitossanitário, que ainda pegam forte em algumas regiões".

Imagem ilustrativa da imagem Taxa de crescimento é satisfatória, avalia Embrapa Soja
| Foto: Sergio Ranalli




CONCURSOS DE PRODUTIVIDADE
O pesquisador também comenta sobre os recordes atingidos em concursos de produtividade. "Eles servem para mostrar como a cultura tem um grande potencial. No entanto, essas áreas recordes em geral estão em condições muito favoráveis para a soja. A natureza ajuda. Produzir soja nestes recordes em Ponta Grossa e Guarapuava é muito mais fácil que em Londrina, por exemplo, porque as condições climáticas, de temperatura e chuva são bem favoráveis". Outro ponto é a questão da tecnologia empregada, escolha da cultivar e qualidade de solo. "O produtor também escolhe a melhor área da propriedade e o melhor talhão. Tudo é do melhor". (V.L.)