Uma missão técnica da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) vai à Montevidéu, no Uruguai, no próximo dia 30 de outubro para dialogar com autoridades sanitárias locais sobre a suspensão temporária das importações de leite daquele país. As reuniões se estenderão até 3 de novembro.

A paralisação das importações foi determinada pelo ministro Blairo Maggi, pois os produtores e representantes do setor na Frente Parlamentar da Agropecuária alegam que o produto uruguaio afeta negativamente a formação de preços no mercado doméstico, inviabilizando a produção local. O ministro defende a fixação de cotas de importação do leite uruguaio. O Mapa estuda medidas para atender aos produtores nacionais.

Mais barato, o leite uruguaio, de acordo com Maggi, tem contribuído para a crise no setor no Brasil e a situação está se transformando em quase insuportável para o produtor local, em função dos custos que inviabilizam competir com o produto do país vizinho.

De acordo com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), o Brasil foi destino de 86% do leite uruguaio em pó desnatado e 72% do integral, em 2017. Nos primeiros seis meses deste ano, já foram importadas 41,8 mil toneladas de leite em pó do país. A tarifa zero em vigor e a ausência de uma negociação de cota desagradam produtores nacionais.

Setores organizados, produtores, sindicatos, associações e federações reclamam também da quantidade de leite importado do país vizinho e alegam que o Uruguai estaria exportando leite que não é produzido lá – que viria da Nova Zelândia - pois a produção uruguaia seria insuficiente para exportar a quantidade que tem chegado ao Brasil.

A suspensão, de acordo com Maggi, valerá até que seja concluída a rastreabilidade do produto e só será revertida se conseguirem comprovar que 100% do volume exportado ao país são produzidos no Uruguai.

Demonstrando preocupação com a crise vivida pelos agropecuaristas, Maggi disse que, além da suspensão das licenças de importação, cogita também a aquisição de leite para programas sociais e a alocação de recursos para que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) compre leite em pó para estocar e vender no futuro, quando os preços estiverem melhores – a questão está em discussão na Casa Civil e no Ministério do Desenvolvimento Agrário.