Fantasia da ala "fazendeiros e seus agrotóxicos", ofertada no site da escola de samba, na avaliação da Faep, coloca o homem do campo como envenenador do meio ambiente
Fantasia da ala "fazendeiros e seus agrotóxicos", ofertada no site da escola de samba, na avaliação da Faep, coloca o homem do campo como envenenador do meio ambiente | Foto: Reprodução do site da escola Imperatriz



Neste início de ano, os números e projeções do agronegócio foram deixados de lado para um assunto digamos, bem mais polêmico, e que mexeu com produtores e entidades representantes do setor em todo o País. A escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense, que vai desfilar o Carnaval 2017 na Sapucaí com o enredo "Xingu, o Clamor que vem da Floresta" tem como base a defesa dos índios, mas deve fazer também uma crítica ao segmento que segurou a economia do País nos últimos anos.

Ao entrar no site da escola, em que são comercializadas as fantasias, é possível ver duas alas que são sinais desse ataque ao setor. Uma das fantasias da ala "fazendeiro e seus agrotóxicos" caracteriza um homem com uma bomba pulverizadora nas costas e uma caveira colocada no peito, como sinal de perigo e morte. A outra ala é intitulada "doenças e pragas" e também é ligada à categoria. No samba enredo, há ainda frases como o "belo mostro rouba as terras de seus filhos", "devora as matas e seca os rios", "tanta riqueza que a cobiça destruiu". Nesse caso, entretanto, não é possível saber ainda se trata diretamente de um ataque direto ou indireto ao agronegócio.

De qualquer forma, não demorou muito para que começassem as respostas das entidades que trabalham em prol do setor. Nesta semana, a Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep) emitiu uma nota de repúdio à Imperatriz Leopoldinense. Segundo a nota, o enredo escrito pela escola "é um insulto aos produtores rurais, tratando-os como se fossem envenenadores do meio ambiente". Sobre a ala "fazendeiros e seus agrotóxicos", a entidade rebate dizendo que a escola de samba trata isso como "se fosse ilegal e não indispensável para o País produzir 200 milhões de toneladas de grãos e outros tantos milhões de toneladas de outros produtos, que alimentam o Brasil – inclusive os diretores e passistas da escola de samba – e geram saldos positivos em nossa balança comercial".

A Faep vai ainda mais longe e diz que "o autor ou autores do enredo certamente são analfabetos em matéria de produção agropecuária, senão não estariam colocando em suas canções tantas bobagens". Por fim, a Federação finaliza dizendo que é lamentável que a Imperatriz Leopoldinense, "que tantas glórias deu ao nosso samba, se preste a um papel como esse, ignorando a importância dos produtores rurais para a sociedade brasileira, tentando pregar neles a falsa condição de bandidos".

A Sociedade Rural Brasileira (SRB), na semana passada, já havia dito que o setor está se mobilizando, por meio de financiamento coletivo, para organizar uma campanha de marketing para o carnaval com o tema "O Agro é tudo". Foi aberta uma conta corrente, inclusive, para fomentar doações. A entidade ainda critica dizendo que trata-se de um samba enredo caricato, "que exalta o índio e o apresenta como vítima do agronegócio".

Por fim, a SRB diz que a campanha evidenciará que o agronegócio é uma importante solução para ajudar a resolver problemas históricos do Brasil. "As injustiças não são culpa do agro, mas, sim, de políticas equivocadas praticadas durante anos. A campanha (de marketing) não pretende desprestigiar o índio, a fauna e as riquezas naturais brasileiras. A proposta é reprovar os estereótipos caracterizados pela escola carioca, que apenas instigam o preconceito e o confronto entre os brasileiros. O samba da Imperatriz Leopoldinense contrasta com o momento de união e celebração da cultura brasileira, festejados no Carnaval", complementa.