Adicionado à ração, o produto contém propriedades funcionais digestivas e equilibrador de flora do trato digestório, promovendo mais ganho de peso em gado de corte
Adicionado à ração, o produto contém propriedades funcionais digestivas e equilibrador de flora do trato digestório, promovendo mais ganho de peso em gado de corte | Foto: Sergio Ranalli/23-03-2017



Atenta a essa tendência de aditivos melhoradores de desempenho sem a utilização do antibióticos, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveu produto inédito natural para substituí-los na dieta dos ruminantes.

O produto, protegido por patente é à base de anticorpos policlonais e tem a mesma função dos antibióticos, mas com a diferença de ter efeito específico contra bactérias indesejáveis, ou seja, aquelas que causam prejuízo para saúde e o ganho de peso dos animais.

A pesquisa está sendo desenvolvida no Polo Regional de Ribeirão Preto desde 2012. De acordo com o pesquisador do Polo Regional da APTA, Geraldo Balieiro Neto, este é o primeiro produto contendo anticorpos policlonais desenvolvido no Brasil para substituir os antibióticos. Ele será usado como aditivo zootécnico com propriedades funcionais digestivas e equilibrador de flora do trato digestório, promovendo maior ganho de peso em gado de corte. "Imaginávamos que se o produto tivesse desempenho similar aos antibióticos, já seria vantajoso, mas o que vimos nos resultados foi uma melhora de desempenho. É uma tecnologia promissora e esperamos que esteja disponível ao setor produtivo o quanto antes".

O produto desenvolvido pela APTA pode ser inserido na ração e possui a mesma funcionalidade dos antibióticos, com a diferença de que os antibióticos inibem o crescimento de bactérias gram-positivas, incluindo microrganismos benéficos aos animais. "Durante a pesquisa percebemos que o efeito dos antibióticos é superior inicialmente e inferior no terço final do período de confinamento quando comparado ao produto desenvolvido pela APTA. Esse aumento do ganho de peso proporcionado pelo produto natural é um plus, mas o maior atrativo é substituir o antibiótico, que está em vias de controle pelo Mapa. Estamos nos antecipando a um problema e promovendo mais segurança alimentar".

Apesar da utilização dos antibióticos ser bem menor em ruminantes comparado a aves e suínos, o pesquisador explica que o mecanismo de ação é o mesmo e em breve esse tipo de ativo também pode chegar em tais cadeias, que são mais produtivas no País. "Para os animais monogástricos, como suínos e aves, nós temos uma situação que o sistema digestivo tem uma digestão enzimática antes do intestino. Isso destruiria o anticorpo. Os antibióticos têm efeito no intestino. Nós teríamos que encapsular esses anticorpos ou de alguma forma colocar outra molécula em conjunto para que ele se torne insolúvel na digestão enzimática e que seja liberado no intestino delgado para ter efeito antimicrobiano lá".

O projeto "Anticorpo Igy como aditivo alimentar natural funcional, em substituição ao uso de antibióticos em dietas para ruminantes", ficou na sexta colocação na categoria "Pesquisa Científica" do Prêmio Josué de Castro 2016. "Precisamos agora de uma parceria para produzi-lo em escala industrial e assim fique acessível ao setor produtivo. Nessa fase de desenvolvimento do produto, já solicitamos a liberação da matéria-prima pelo Mapa, para que possa ser utilizado nessa funcionalidade de efeito antimicrobiano mesmo não sendo antibiótico. Já temos algumas empresas interessadas em investir, mas estamos abertos a outras propostas", complementa.