Aumento nas exportações está compensando a queda nos valores do frango, cuja  média de 2017 está em R$ 2,55 enquanto em 2016 fechou em R$ 2,76
Aumento nas exportações está compensando a queda nos valores do frango, cuja média de 2017 está em R$ 2,55 enquanto em 2016 fechou em R$ 2,76 | Foto: Saulo Ohara/27-02-2017



Basta um olhar mais minucioso para os preços do frango no último semestre e fica claro que eles estão em queda. Se em outubro o quilo da ave viva foi vendido por R$ 2,45, em junho, o valor era de R$ 2,54. A média de 2017 está em R$ 2,55, enquanto em 2016 fechou em R$ 2,76, uma retração média de 7,6%. Só para se ter uma ideia, em outubro do ano passado, os avicultores comercializam o quilo por R$ 2,84.

Em contrapartida, as exportações têm mostrado força este ano em todo o País, e claro, no Paraná, principal produtor entre todos os estados. A expectativa da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), é que o ano de 2017 feche com aumento nos embarques em 1%. No caso dos suínos, a retração deve ficar em 3%. "Em relação às receitas, para nossa alegria, as exportações tiveram incremento de 7% para as aves e 15% para os suínos entre janeiro e outubro. O Paraná, como grande produtor (em ambas as proteínas), deve seguir esta tendência", analisa o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.

De qualquer forma, Turra avalia que 2017 foi um "ano atípico" para a cadeia. A queda vertiginosa no valor dos insumos também acabou influenciando no preço final do produto. "Se de um lado a gente tinha uma oferta melhor das commodities – soja e milho – com preços mais compatíveis e uma produção excepcional, por outro tivemos uma série de incidentes e acontecimentos que estremeceram um pouco o setor, como a Operação Carne Fraca, delações e outras situações inclusive no Paraná. O ano teria sido bem rentável, mas foi apenas melhor que 2016. Acredito que os produtores de milho e soja sofreram mais este ano."

Em relação à crise econômica, Turra salientou como o agronegócio mais uma vez fortalece este momento que o País vive. "Na avicultura não teve desemprego, não vimos uma crise tão profunda", salienta. Sobre os desafios deste ano ano, destaca a importância da atuação da ABPA junto aos órgãos que representam o setor. Já para 2018, o executivo alerta que "ainda há muita coisa para se definir, mas o consumo mundial está aquecido, a produção mundial caiu, o consumo subiu 4,5% e a produção 0,8%. Isso é um bom indicador para países como o Brasil que podem crescer."

Turra também bate na tecla também das ações com os países que acabaram suspendendo temporariamente a compra de proteínas este ano e a entidade auxiliou nesse "resgate" deles. "Dos 74 que acabaram suspendendo, resgatamos 70. Ficaram apenas quatro países pequenos da África, que representam apenas 0,2% das exportações e ainda persistem cobrando informações."


Demanda de fim de ano dá fôlego aos bovinos

A pecuária paranaense em 2016 fechou o ano com um valor médio da arroba de R$ 148,65. Até agora, a média anual é de R$ 138,56, uma retração que fica na casa dos 6% quando se faz uma avaliação ano a ano do negócio. Segundo consultores que atuam no setor, isso já era, digamos, esperado.

Um retração que esteve associada a fatores que fugiram do controle do produtor, entre eles a Operação Carne Fraca, delação premiada da JBS e retorno do Funrural. "Apesar de ter sido um ano melhor para alimentar os animais, com os valores mais baixos do milho e soja, esses acontecimentos não esperados em algum momento tornaram a situação complicada", explica a consultora de mercados da Scot Consultoria, Isabella Camargo.

Quando se olha por esse prisma, o que se nota portanto foi que o preço em si não foi o maior dos problemas para os pecuaristas. "Isso já era esperado pois estamos na fase baixa do ciclo. Observamos agora é que estamos com preços mais firmes do que em outubro, por exemplo". Um cenário comum, afinal, as proteínas começam a se fortalecer para as festas de fim de ano. "Existe uma melhora em relação à demanda, o início das festas, pessoal recebendo o 13º salário."

Demanda importante que está associada a uma menor oferta de animais terminados, pastagens em recuperação, e isso dá solidez aos preços. "Aqui em São Paulo percebemos pagamentos acima das referências comuns."

Por fim, a consultora também relata melhores preços para os animais de reposição, principalmente das categorias mais jovens. "Temos que olhar para trás, as fêmeas que não entraram nos abates em 2015 produziram os bezerros que hoje estão no mercado e por isso vemos uma boa oferta no mercado, uma tendência que deve continuar para o ano que vem." (V.L.)