A história da produção de uva niágara em Rosário do Ivaí tem início ainda no êxodo do campo da década de 1970, quando pequenos produtores foram forçados pelas circunstâncias econômicas a migrar para o meio urbano, conta o consultor em viticultura Werner Genta. Ele diz que muitos buscaram trabalho no interior de São Paulo, conheceram a produção de uva em cidades como Jundiaí e Vinhedo, até voltarem a Rosário para voltarem às origens.

O próprio presidente da Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros de Rosário do Ivaí (Apri), Juvenal Braz da Silva, tem uma história parecida. "Eu me mudei para Rosário em 1998 e vim do interior paulista, onde tinha um comércio, mas queria voltar para o campo. Aí, montamos esse grupo de produtores em uma associação", diz.

Imagem ilustrativa da imagem Por um padrão de vida melhor



Silva é hoje proprietário do Chácara Pingo D'água, de 10 hectares, e o maior produtor de uva niágara da região. Ele lembra que muitos tentaram as variedades itália e rubi, mas a niágara rosada foi a que melhor se adaptou à região. Com o crescimento da produção e do mercado, Silva diz que foi possível a pequenos agricultores conseguirem um padrão de vida melhor do que tinham como funcionários em zonas urbanas. "Para mim, e não é só na nossa região, a uva é o que tem de melhor para o produtor familiar, porque mesmo quando a colheita é ruim, a venda compensa."

Visão sobre a cultura que se repete com Reginaldo de Souza Lalau, que planta niágara em 6 hectares. Ele diz que não se adaptou bem à rotina de funcionário. "Trabalho mais, mas meu padrão de vida melhorou. Foi o que me trouxe de volta à roça", conta.

Lalau diz que a família aumentou a área plantada com o passar dos anos, mas que é difícil encontrar mão de obra para continuar a crescer. "O serviço fica com a gente e tem dia em que fico com o joelho no chão para colher uva das 7 às 10 horas da noite", afirma. "Mas dá para viver tranquilo", completa. (F.G.)