Plantio de mudas pequenas deixa a planta exposta à picada do pulgão por até 120 dias, elevando o risco de pegar a virose e de pôr fim à produção
Plantio de mudas pequenas deixa a planta exposta à picada do pulgão por até 120 dias, elevando o risco de pegar a virose e de pôr fim à produção



O modelo de ciclo único para o maracujá pode assustar produtores no início, pela possibilidade de ter de adquirir mudas de mais de 1,50 metro em estufas especializadas. A orientação de agentes do Emater é que as plantas devem ser criadas em viveiros certificados e que usam tela antiafídeo, que evita a entrada do pulgão e de outros insetos. No entanto, o pesquisador Pedro Auler, do Iapar, considera que o produtor pode ter a própria estrutura, com formatos econômicos, ou participar de associações de produtores para baratear os custos.

Isso porque não há hoje no Paraná estufas certificadas com tela antiafídeo, afirma o gerente regional do Emater em Santo Antônio da Platina, Maurício Castro Alves. O mais próximo da cidade fica em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), a 95 km, ao custo de R$ 2 a unidade. "Nós não podemos apoiar a produção de mudas em viveiros não certificados. Alguns produtores também fazem a muda na própria propriedade, mas é complicado porque há conivência com a permanência da doença", cita Alves.

O pesquisador do Iapar, porém, acredita que é possível fazer a semeadura em ambiente protegido e terminar o desenvolvimento em estufas econômicas, na propriedade. Ele cita como problema o transporte de uma muda de até 2 metros de maracujazeiro, que é uma trepadeira. "Na agricultura familiar do Paraná, sempre existem prefeituras e cooperativas envolvidas, então é possível comprar a semente juntos, usar uma estrutura única, sempre em associação", diz.

Para o gerente do Emater, que orienta há quatro anos o modelo de ciclo único na região, a vantagem do uso de estufas é claro. "Se o produtor planta uma muda de 10 centímetros, vai ficar exposta à picada do pulgão por até 120 dias e, se pegar a virose, acabou a produção", diz.

Outra questão é que a população de pulgões é maior enquanto o clima é frio, afirma Alves. "Se plantar a muda em março para começar a dar fruto em dezembro, vai ficar exposta durante o inverno, o que é um risco muito grande", cita o gerente do Emater. (F.G.)