O pesquisador responsável por pecuária no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Sergio De Zen, considera a fiscalização brasileira eficaz, mas muito custosa pelas dimensões do País. Ele acredita que é preciso modernizar o sistema, nos mesmos moldes do que é feito no Uruguai. "Guardando as devidas proporções, é um país que investiu muito no processo de rastreabilidade com um modelo mais participativo na gestão por todos os agentes de mercado, com participação de produtores, indústrias e governo", cita.

De Zen reclama da interferência política nos órgãos de fiscalização, o que diz ser a principal causa da corrupção. Por isso, pede uma pressão maior dos empresários para que a gestão seja sempre técnica. "Os maiores interessados são a indústria, porque olha só o tamanho do prejuízo que vão ter com esse problema."

O pesquisador e professor da Esalq critica o que considera "especulação e generalização" do setor na Operação Carne Fraca. Ele lembra ainda que não é somente o Brasil que sofre com falhas. "O sistema da França era modelo, mas tivemos o problema da vaca louca por lá e passou a ser muito criticado", diz. "O que é importante é que os problemas foram detectados por instituições brasileiras, o que mostra a nossa força na fiscalização. Por trás dessa história, sempre vai ter gente tentando ganhar mercado do Brasil", completa. (F.G.)