Gestão ou manejo de pastagem
A pecuária de corte brasileira é essencialmente baseada em pastagens. Um percentual não muito grande dos animais abatidos provém de confinamentos. E mesmo assim, permanecem muito pouco tempo confinados, ganhando apenas algumas arrobas nessa etapa.

É nas pastagens, portanto, que se produz carne bovina no Brasil, é no campo que se dão as interações entre o solo, o pasto, os animais, o homem e o ambiente.
Assumindo que Gestão de Pastagem é administrar, concentra-se o foco das ações nos itens a gerir para que o processo se concretize.

O ajuste da oferta de forragem na estação inverno, na qual temos baixo índice de chuvas e menor intensidade luminosa, pode ser feito de duas formas: a) reduzindo a taxa de lotação; b) armazenando alimento.

Essa segunda opção pode ser feita de várias maneiras (silagem, feno, etc.), dentre elas, a mais fácil de executar e de mais baixo custo é o "diferimento de pastagens"

O diferimento de pastagem é uma estratégia de Gestão de Pastagem, que consiste em escolher uma área da propriedade e fazer a vedação, garantindo acúmulo de forragem para ser pastejada durante a estação de escassez de forragens, minimizando os efeitos da sazonalidade.

O manejo da área, antes do diferimento, influencia significativamente no valor nutricional da forragem no período de acesso dos animais. Áreas manejadas com maior altura de resíduo pós-pastejo ou sub-pastejo tendem a apresentar maior quantidade de colmo e menor valor nutritivo. Sendo uma estratégia para evitar esse problema, a realização de pastejo intenso imediatamente antes do início do diferimento da pastagem, com o objetivo de alterar a estrutura do pasto, removendo folhas velhas e de baixa qualidade, favorecendo a rebrotação subsequente e o valor nutritivo (Paulino et al., 2001).

Outro ponto a ser lembrado é que a categoria animal a ser utilizada nessa área precisa ser bem definida, pois a questão mais limitante é o fator qualitativo, em que as categorias mais indicadas são as de menor exigência nutricional.

As espécies mais indicadas para se adotar a "diferimento de pastagem" são gênero Brachiaria e Cynodon, devido ao hábito crescimento prostrado, pelo fato de acumularem maior quantidade de folha em relação ao colmo. As do gênero Panicum, que têm crescimento cespitoso, apresentam perda mais rápida do valor nutritivo, devido a maior quantidade e proporção de colmo em relação as folhas, afetando o consumo de forragem pelos animais.

Portanto, pode-se observar que a "técnica do diferimento" é uma prática que apresenta baixo custo de investimento e facilidade de implantação. No entanto, é necessário lembrar que pastagens diferidas sempre apresentaram baixo valor nutricional e, por isso, essa técnica deve vir acompanhada de suplementação proteica para corrigir a dieta dos animais. A técnica do diferimento juntamente com a suplementação proteica, ajuda a diminuir o risco do efeito sanfona, onde o que o animal ganhou de peso na estação das águas, venha a perder na estação seca.

Ricardo Luiz Doré, agrônomo e nutricionista de ruminantes