Imagem ilustrativa da imagem Passatempo movido pela fé
| Foto: Fotos: Ricardo Maia/Divulgação
O produtor Emilio Ambiel não visa lucro com o hobby; só quer incentivar as pessoas a rezarem
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O agricultor distribui gratuitamente os terços para parentes, amigos e pessoas interessadas em seu trabalho



Os dedos calejados mostram que a vida sempre foi de muito trabalho para o produtor rural Emilio Ambiel, associado da Cooperativa Integrada. O agricultor de Floresta (Noroeste) foi um dos primeiros na região a se dedicar por completo à agricultura. Hoje, aos 93 anos, ele já não vai mais para o campo, e passou a administração da propriedade para os filhos.
O tempo para Ambiel é sagrado, por isso, sempre o aproveitou ao máximo. Ficar ficar parado não é do feitio dele. Nos últimos anos, já cansado do trabalho da roça, o produtor começou a fazer artesanato, confeccionando terços e rosários. O hobby é antigo, já que o seu primeiro terço confeccionado tem 30 anos, mas só agora ele conseguiu tornar o artesanato uma fonte oficial de ocupação.
Ambiel começou a confeccionar os terços nos finais de tarde e à noite, depois da lida na propriedade. O cooperado sempre foi autodidata e aprendeu a confeccionar os terços baseando-se em modelos. "Algumas técnicas aprendi com o meu tio", lembra. Ele chegou a fazer três terços por dia. Hoje, devido a um problema de visão, confecciona apenas um modelo diariamente.
A matéria-prima para a confecção dos terços é simples: as contas são feitas de sementes de plantas como a lágrima de Nossa Senhora, espécie nativa da África do Sul que é encontrada facilmente no Paraná, em áreas de baixadas, e que o agricultor encontra no quintal.
O arame ele adquire no comércio de Floresta e o crucifixo é comprado por atacado em São Paulo. O produtor não visa lucro com o hobby; só quer incentivar as pessoas a rezar. Ele distribui gratuitamente os terços para parentes, amigos e pessoas interessadas em seu trabalho. Ao todo, Ambiel estima já ter feito mais de 2 mil terços.

PERSISTÊNCIA
Emilio Ambiel, natural do interior de São Paulo, chegou ao Paraná em 1950 com dois irmãos, em busca de oportunidades em terras paranaenses. Aqui compraram 72 hectares de terra de vegetação nativa, que não estavam preparados para agricultura. Enquanto os irmãos trabalhavam na propriedade, Ambiel investiu num caminhão para realizar transportes e sustentar a família enquanto a área ainda não produzia.
O primeiro investimento foi no café, que os irmãos plantaram até 1975, período em que a cafeicultura paranaense enfrentou a geada negra. De lá para cá, a família tem trabalhado com grãos, soja, milho e trigo e os descendentes – entre eles, os filhos e netos de Ambiel - continuam a entregar a produção para a Cooperativa Integrada.