Devido à elevada riqueza em recursos hídricos, a região do Paranapanema tem a capacidade de se tornar o maior pólo de produção de pescado do Paraná. Hoje, as seis represas que compõem o lado paranaense tem potencial de produzir 40 mil toneladas por ano, mas produz somente 5 mil. Porém, esse quadro pode ser mudado. Um estudo que está sendo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), solicitado pelo Ministério da Aquicultura e Pesca, avalia desde o ano passado, a viabilidade de se produzir pescados nas áreas pertencentes à União.
A prévia do estudo, divulgado em um encontro realizado na última quinta-feira em Londrina, foi apresentada pelo professor Antonio Ostrenski aos representantes dos comitês de cada represa. O pesquisador da UFPR revelou que durante as pesquisas, muitas irregularidades foram encontradas. Entre elas, o desmatamento da mata nativa, a invasão da agricultura e pecuária nas margens das represas e o alto índice de poluição em alguns locais. Segundo ele, esses problemas foram encontrados em diversos pontos dos 180 quilômetros quadrados monitorados, inviabilizando a produção de pescados nesses locais.
Ostrenski pondera que muitos locais visitados estão aptos para a implantação da pesca e aquicultura e que isso será viabilizado no programa. Luiz Henrique Vilaça, coordenador geral de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura em Águas da União Continental do Ministério da Pesca, revela que esse trabalho de promover o setor em terras do governo já é realizado em diversas regiões do Brasil, inclusive no Paraná, a exemplo de Itaipu, implantado em 2008.
Hoje, o Paraná produz 40 mil toneladas de pescado. Cerca de 32 mil são de água doce, Vilaça enfatiza que só na região do Paranapanema, o potencial de produção é de 40 mil toneladas. Quanto à utilização da área, ele explica que o ministério estipula o uso de 1% da área de lâmina de água em cada represa. ''Todo o processo começa com o estudo de viabilidade de produção. Logo após, é realizada a regularização da área, outorgada pela Agência Nacional de Águas (ANA)''.
O coordenador completa que depois de todo o processo burocrático entre a União e o ministério, junto com as instituições ambientais do Estado, haverá uma licitação de recrutamento de produtores. Segundo Vilaça, os ribeirinhos e os moradores da região terão prioridade no processo.
Ele enfatiza que os interessados passarão inicialmente por uma entrevista, na qual será levado em conta, entre outros pontos, a renda da família e as atividades profissionais. Vilaça salienta que os recursos para a implantação dos futuros tanques rede deverão sair do bolso do candidato ou de financiamentos por meio de programas como o Pronaf. Segundo ele, não haverá apoio direto aos produtores.
Produtor
O pescador Antonio Oliveira Silva, da região de Alvorada do Sul (Baixo Paranapanema), é um dos interessados no projeto. Segundo ele, um dos motivos que o empolga a investir é o bom retorno financeiro que o sistema de tanque rede oferece. Junto com outros 20 pescadores da região, que criaram uma associação, Silva se diz otimista em conseguir uma área para cria e recria de peixes. Vilaça estima que o processo de seleção dos criadores se dará em março do próximo ano.
Luiz Alexandre Filho, zootecnista e pesquisador de atividades aquícolas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), revela que o projeto trará desenvolvimento para região. Segundo ele, a cada 60 tanques construídos, um posto de trabalho é criado.