No Paraná, a pecuária vem perdendo a força abrigando atualmente o 10º maior rebanho do País ou 4,3% na participação nacional
No Paraná, a pecuária vem perdendo a força abrigando atualmente o 10º maior rebanho do País ou 4,3% na participação nacional | Foto: Gina Mardones



A perda de força da pecuária paranaense – que hoje tem apenas o 10º maior rebanho do País, com 4,3% na participação nacional – sem dúvida reflete no número de abates, que vem em queda de três anos seguidos. Se em 2014, os abates atingiram a marca de 1,45 milhão de cabeças, no ano passado o valor chegou a 1,19 milhão, retração de 17,9%. Este é o pior número levantado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2010.

Para este ano, entretanto, existe uma expectativa de recuperação, seguindo as projeções das consultorias em território nacional. Vale dizer que o Estado trabalha com pecuária extensiva, no pasto, e menos de 10% dos animais vão para confinamento. "No Sul do Estado vem o inverno e a geada acaba com a pastagem. Agora estamos no pico de safra, e antes da chegada da estação, para quem não tem alimentação estocada, o boi chegou ao peso máximo, e não há outro caminho a não ser vender (os animais)", explica o médico veterinário do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura (Seab), Fabio Mezzadri.

Apesar da retração da arroba do boi gordo nos últimos meses, que saiu da casa dos R$ 149 para R$ 140 - algo próximo a 6% - quando se analisa os anos anteriores, o cenário se mostrou de recuperação, o que de fato atraiu novamente os produtores para a atividade, refletindo positivamente neste ano. Em 2013, por exemplo, o valor da arroba fechou com média de R$ 99,69, contra R$ 148,65 do ano passado, alta de 49%. "Isso fez o pessoal segurar as fêmeas, que leva em média 36 meses para recria. O ciclo pecuário tem cerca de quatro ano e estamos vendo o reflexo agora de quem começou a segurar essas matrizes lá atrás. Tal projeção do aumento de abates já é um fruto disso e a queda da arroba neste momento eu considero bem pontual, mas devido à Operação Carne Fraca. Acredito que os preços logo vão se recuperar".

Isso não quer dizer, porém, que a área dedicada à pecuária esteja aumentando no Estado, mas é uma questão de eficiência da atividade. "A maior rentabilidade desses últimos anos aumentou o poder de investimentos dos produtores, que melhoraram a pastagem e têm conseguido uma melhor lotação dos animais nas áreas já existentes", explica Mezzadri.

No que diz respeito aos custos de produção quando se pensa na pastagem de inverno, o técnico do Deral mostra que está mais barato alimentar os animais durante o período. "No ano passado, por exemplo, a semente de azevém estava em média R$ 7 o quilo. Agora, está metade deste valor".


EXPORTAÇÃO
Após a Operação Carne Fraca, o grande baque da cadeia de carne, sem dúvida alguma, foi na exportação, com os países compradores bem desconfiados acerca da qualidade do produto nacional, o que impactou nos números. Depois de um trabalho intenso do Ministério da Agricultura (Mapa), houve uma retomada das exportações.

O Paraná, que não tem o volume grande de envios, passou praticamente ileso a esse cenário. No primeiro quadrimestre do ano passado, as plantas frigoríficas enviaram 579,9 mil toneladas. Em 2017, no mesmo período, o montante foi de 571,2 mil toneladas, queda leve de 1,5%. "É uma redução pouco significativa. A grande maioria dos frigoríficos exportadores estão fora do Paraná", complementa Mezzadri. (V.L.)


Imagem ilustrativa da imagem Paraná arrasta queda de abates há 3 anos