Painel Global de Agricultura e Sistemas Alimentares de Nutrição publica frequentemente relatórios bem detalhados com o objetivo de apontar para onde políticas públicas, pesquisas e a sociedade devem caminhar, com intuito de oferecer à população uma melhor qualidade nutricional dos alimentos disponíveis no mercado.

Na última quarta-feira (3), quando pela primeira vez o Painel passou pelo Brasil, em Brasília, em oficina realizada em parceria com a Embrapa, eles apresentaram um documento com recomendações para os responsáveis pela elaboração de políticas públicas. O documento destaca, primeiramente, que é fundamental reunir esforços do setor privado, sociedade civil e governo, para que em conjunto melhorem os ambientes alimentares e façam que os consumidores passem a preferir dietas mais nutritivas.

Outro ponto destacado é um processo eficaz de elaboração de políticas públicas, identificando, antes de tudo, os desafios relacionados à boa nutrição a serem priorizados. Eles serão identificados por meio de problemas específicos de saúde pública local. Ou seja, todas as soluções têm de ser adaptadas às necessidades do grupo alvo, mas também terem flexibilidade para abranger a variedade existente na população.

Com base nesses princípios, o Painel Global recomenda definir incentivos fiscais, restringir o marketing de produtos alimentícios para crianças, ampliar o alcance dos produtos reformulados mais saudáveis, aumentar a oferta de alimentos nutritivos, garantir um maior fornecimento de alimentos de alta qualidade nas instituições públicas e, por fim, criar processos de medição da qualidade dos ambientes alimentares e divulgar esses dados.

A consultora internacional com foco em nutrição e agricultura e membro do Painel Global, Emmy Simmons, destacou alguns pontos concretos que mostram que o Brasil está no caminho certo: o primeiro é relacionado à alimentação de qualidade nas escolas, o Bolsa Família e o segundo ponto é trabalhar forte no que diz respeito ao sobrepeso e obesidade. "No Brasil, os números relacionados a esses problemas estão crescendo, mas não estão horríveis como em outras partes do mundo. Por fim, eu acredito que a pesquisa tem papel importante. O Brasil tem uma responsabilidade moral, pelo momento em que vive, de assumir o protagonismo e, eu sugiro, liderança, no que diz respeito a esses assuntos nutricionais. Muitos países querem ter uma população saudável como é considerada a população brasileira". (V.L.)