Os cortes na pupunheira começam a partir de 18 meses e com o perfilhamento de troncos a extração é praticamente anual, sem necessidade de replantio por até 15 anos
Os cortes na pupunheira começam a partir de 18 meses e com o perfilhamento de troncos a extração é praticamente anual, sem necessidade de replantio por até 15 anos | Foto: Fotos: Gina Mardones



A cultura do palmito pupunha garante um lucro líquido de até R$ 12 mil ao ano por hectare, o que a torna uma ótima opção para complemento de renda ou atividade principal de pequenos agricultores paranaenses. Em propriedades menores, a necessidade de mão de obra e o risco de pragas são baixos, ainda que o custo inicial e a espera de 18 meses para iniciar a extração pesem na decisão do produtor.

O cultivo é mais indicado para zonas úmidas e quentes, como o Litoral. Com irrigação, entretanto, Norte e Noroeste do Estado se tornam lugares propícios para o plantio da pupunheira, que tem ganhado mercado de conservas no País e espaço na alta gastronomia, com o consumo in natura. Mesmo assim, as principais unidades de processamento trabalham com cerca de 50% de ociosidade.

Vale lembrar que o Brasil é o maior produtor e consumidor de palmito do mundo, o que colocou em risco de extinção a palmeira juçara (Euterpe edulis Martius) desde meados do século passado. Nativa da Mata Atlântica, a planta morre depois do corte e, após o replantio, demora no mínimo sete anos para atingir a capacidade produtiva. A variedade, junto ao açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.), que é mais comum no Norte do País, são a base da produção de palmito nacional.



Na pupunheira (Bactris gasipaes), por sua vez, os cortes começam a partir de 18 meses e há perfilhamento de troncos, o que permite a extração praticamente anual a partir de então e sem necessidade de replantio por 15 anos, em média. O coordenador de plantas potenciais, medicinais e aromáticas do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Cirino Corrêa Júnior, afirma que há chance de consorciar a cultura com o plantio de café ou de seringueiras, por exemplo, desde que sem sombreamento. "A vocação do Estado não é a monocultura e temos de aproveitar a diversidade e as alternativas que surgem", diz.

Mesmo assim, são somente 1,3 mil produtores de palmito, sem distinção de variedade de palmeiras, em 3,5 mil hectares de área plantada no Paraná, segundo o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). A produção em 2015 foi de 5,1 mil toneladas, conforme o último balanço disponível do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Guaraqueçaba (2 mil t), Antonina (1 mil t), Guaratuba (600 t) e Morretes (408 t), no Litoral, São Tomé (197 t), no Noroeste, e Cambará (150 t), no Norte Pioneiro, são os principais produtores do Estado, segundo o Deral. A expectativa, porém, é que a região de Cruzeiro do Oeste também apareça em destaque nos próximos anos, depois da inauguração no fim de 2015 de uma fábrica com capacidade para processar 3 mil hastes ao dia.

No Brasil, foram 22,4 mil hectares de área colhida e 109,4 mil toneladas de produção, conforme a Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).