Produtores paranaenses de limão tahiti são contemplados com ferramenta de orientação sobre como produzir mais e com melhor qualidade, por meio de matriz com dados obtidos em pesquisa científica de avaliação do estado nutricional da cultura pelo Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (Dris). O estudo, que teve o apoio do Iapar, comprovou que a adoção do sistema, tanto na diagnose nutricional como no auxílio para recomendação de corretivos e fertilizantes, possibilitou a elevação da produção.

A pesquisa desenvolvida nos últimos quatro anos, durante o doutorado do engenheiro agrônomo Ricardo Augusto da Silva na Unoeste, gerou matriz que está sendo utilizada, na orientação aos produtores, pelo Iapar e pela Emater. Silva recebeu a orientação de um dos principais estudiosos do sistema Dris, no Brasil e no mundo, o também engenheiro agrônomo Dr. José Eduardo Creste, que tem desenvolvido estudos com várias outras culturas, utilizando equipamentos de ponta para obtenção de dados por meio de análises do solo e foliar.

O estabelecimento de parâmetros nutricionais para produção do tahiti no Estado do Paraná é feito pela primeira vez, seguindo o ineditismo de experimentos do mesmo sistema com outras culturas. A pesquisa de Silva teve a parte de campo em 13 propriedades rurais de cinco municípios: Santa Fé, Iguaraçu, Ângulo, Nova Esperança e Altônia. Foram analisados 168 talhões (unidade mínima de cultivo em cada propriedade), nos quais foram encontradas plantas com deficiências e também com excesso de alguns nutrientes. As diagnoses foliares foram realizadas no Laboratório de Análise de Tecidos Vegetais da Unoeste.

Silva conta que o estudo recebeu o apoio do Iapar e que a adubação preferida dos produtores paranaenses de limão é basicamente orgânica, por ser fácil de conseguir e com preços mais acessíveis em relação aos produtos industriais. Eles utilizam a cama de aviário, uma proteção para evitar o contato direto das aves com o piso e capaz de absorver água e de incorporar fezes e penas; costumeiramente feita de maravalha (raspas ou aparas de madeira), mas que também pode ser com casca de arroz ou casca de amendoim, dentre outros subprodutos.

A Dris do limão tahiti no estado tem despertado a atenção de profissionais que atuam na assistência técnica e produtores, desde que foram apresentados os primeiros resultados em setembro do ano passado, em conferência do Dr. Creste no International Citrus Congress (ICC), realizado em Foz do Iguaçu (PR). Evento no qual foi gerado o primeiro contato para publicação científica na revista Citrus Research & Tecnology sobre esse estudo de interesse mundial já que o Brasil é o maior produtor e exportador de citrus com 715 mil hectares de laranja e limão, produção de quase 20 milhões de toneladas e um disseminador de novas tecnologias.

Em sua recente defesa pública da tese produzida no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Agronomia da Unoeste, Silva foi aprovado para receber o título de doutor e teve o seu trabalho, realizado juntamente com Creste, elogiado pelos avaliadores doutores em agronomia Carlos Sérgio Tiritan e Maíra Rodrigues Uliana, ambos da Unoeste; José Francisco Grillo, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFSS) de Laranjeiras do Sul (PR); e o doutor em ciências Rodrigo Marcelli Boaretto, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), vinculado à unidade de Cordeirópolis (SP).