Até 2010, Gustavo Henrique Naves Reis trabalhou com artesanato, em uma pousada e estudava ciências sociais na Universidade Estadual de Londrina (UEL), mas não completou o curso. Ele afirma que decidiu então investir na produção de alimentos orgânicos na chácara São José, em Guaravera, que pertencia ao pai, como profissão. "Pensei na necessidade de me alimentar bem e de fazer uma coisa com que pudesse me sustentar, porque o mercado de trabalho estava complicado."

O interesse veio de uma horta que o pai mantinha em casa. "Queria me alimentar de forma saudável e meu pai veio do sítio, então eu tinha um pouco de conhecimento e contei com a ajuda dele, de livros, palestras, cursos e jornadas de agroecologia", diz.

Foram três anos em que precisou adaptar o estilo de vida aos ganhos com o trabalho rural, mas hoje, ao lado da esposa Daiane Vetter, afirma que consegue viver bem e feliz com o trabalho. "A família se encaixou bem e queremos continuar, porque as pessoas estão começando a dar a devida importância aos orgânicos", conta Reis.

Ele faz a venda direta pelo projeto Cestas às Quartas-feiras e está presente em feiras de produtores em Londrina, como a de sábado, na Vila Brasil, e de domingo, ao lado do Museu Histórico de Londrina. "Quem quiser encomendar cestas, pode me procurar lá."

Bióloga no campo
Formada em biologia e com mestrado em ecologia vegetal, Gabriela Oliveira Scolari afirma que nunca havia trabalhado no campo até 2013, mesmo com a atuação da família no meio. "Busquei qualidade de vida e quis passar bons valores para os meus filhos, de 5 anos, e de 3 meses, além de tirar meu sustento do campo", explica.
Ela pegou 2,5 hectares da área de 290 hectares da Fazenda Santa Rosa, do pai dela, para começar a plantar orgânicos por meio da sintropia, modelo que associa cultivos agrícolas e florestais com alta produtividade, sem insumos externos e somente com processos próprios da natureza. Apesar de patinar no início, ela afirma que começou a colher os resultados nos últimos seis meses. O que fez com que o marido dela, Eduardo Carriça dos Santos, largasse a atuação de dez anos como designer gráfico para trabalhar junto a ela.

Com produção em somente 3 mil metros quadrados, ou pouco menos de um terço de hectare, o casal tira até R$ 6 mil líquidos hoje, somente com a entrega direta de cestas e a venda em feiras. "Ainda temos um bom espaço com árvores frutíferas, que são novas e não produzem", conta. (F.G.)