Na expectativa de um aumento do volume de carne de ovinos no Estado, é claro fundamental o foco no manejo reprodutivo dos animais, produzindo cordeiros o ano todo (contra estação) e não apenas focar no cio estacional das ovelhas, numa única época do ano. Mas para que tudo funcione na propriedade de forma efetiva, é necessário mais dois alicerces para fechar esse tripé: além da reprodução, a atenção também está nos manejos sanitário e alimentar.

O médico veterinário e diretor de ovinocaprinocultura da SRP, Luiz Fernando Coelho da Cunha Filho, salienta que o manejo sanitário remete ao ditado que "é melhor prevenir do que remediar". "Hoje há muita informação, mas as pessoas se perdem no que é mais necessário, principalmente em nossa região".

Entre as doenças que atingem os produtores da região, Luiz Fernando cita os problemas de casco, como necrobacilose podal ovina, a linfadenite caseosa e, principalmente, verminoses. "O uso indiscriminado de vermífugos, que é uma ferramenta importante, mas precisa de planejamento de aplicação. Tudo gira em torno de planejamento, tanto na parte sanitária, reprodutiva ou alimentar".

A zootecnista com doutorado em nutrição de ruminantes, Fabiola Cristine de Almeida Rego, comenta que a principal dificuldade em relação a nutrição é o criador conseguir alimentos viáveis economicamente sem prejudicar o ganho de peso. "Há vários alimentos para os animais, como silagem, feno, bagaço de laranja e outros subprodutos. Inclusive, é preciso ter uma atenção na variabilidade da qualidade deles".

Daí entra a importância de coletar amostras representativas da real nutrição da fazenda naquele momento. Fazer uma análise dos níveis nutricionais de matéria seca, energia, proteína bruta, fibra e outros componentes que fazem parte da alimentação do rebanho. "As análises mostram que há variação nutricional de alguns alimentos de um ano para o outro, como farelo de milho e soja, por exemplo. Com as análises, eles verificam o teor de nutrientes dos alimentos, quantidade que serão ofertadas, para ver se isso vai dar diferença no ganho de peso".

Fabíola conta que o impacto de uma nutrição ineficiente é enorme, inclusive no processo reprodutivo. "As fêmeas que se tornarão matrizes terão prejuízos na entrada da puberdade, problemas na hora do parto, abortos espontâneos, entre outras situações. Os criadores precisam de uma assessoria para saber das exigências nutricionais por categoria. Não é possível padronizar a mesma ração e quantidade de alimentos para animais diferentes, como cordeiro, ovelha, carneiro, borrega...Conhecer as diferentes categorias ainda é uma dificuldade para o produtor". (V.L.)