Satisfeito com os resultados da sericicultura, Bento de Carmo Bisca, no ano passado investiu na automação do barracão: "Agora é tudo no guincho suspenso de uma vez só. Faço o trabalho 70% mais rápido"
Satisfeito com os resultados da sericicultura, Bento de Carmo Bisca, no ano passado investiu na automação do barracão: "Agora é tudo no guincho suspenso de uma vez só. Faço o trabalho 70% mais rápido" | Foto: Fotos: Ricardo Chicarelli



Uma década é tempo suficiente para o renascimento de um negócio. Nesse período, a tradicional sericicultura paranaense deixou para trás as nuvens cinzentas – dúvidas sobre o futuro da atividade – para um momento atual otimista. As inovações tecnológicas inseridas no manejo diário do sericicultor, os bons preços de comercialização do casulo da seda, pesquisa e extensão rural focadas e um relacionamento sólido entre a indústria e os produtores fomenta, de forma gradativa, uma nova ampliação da área plantada de amoreiras, cujas folhas servem de alimento para o bicho-da-seda.

Atualmente, de acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural), o Paraná é responsável por 84% da produção nacional de seda, oferecendo o produto de maior qualidade do mundo. São 1.867 pequenos produtores de 161 municípios, que estão integrados à Bratac, única indústria no Estado que sobreviveu no mercado após a crise econômica mundial de 2008. Ela fornece as larvas e fecha a cadeia até a compra e beneficiamento dos casulos. Hoje a empresa atua com 70% da sua capacidade total, o que gera uma segurança aos produtores, um mercado regulado, o que repercute em bons preços. E um detalhe: há espaço para a atividade crescer.

O salto de área com as amoreiras foi 3,78 mil para 3,90 mil hectares (ha), que devem entrar em produção nos próximos dois anos. São aproximadamente 50 novos sericicultores na atividade da regiões Noroeste, Centro-Sul, Norte Pioneiro e Oeste. "Os filhos dos produtores estão se interessando (sucessão familiar) e também há novos querendo entrar na atividade. Agora, com as propriedades mais mecanizadas, eles não dependem tanto da mão de obra e com isso podem obter uma melhor renda com a sericicultura", explica a engenheira agrônoma do Deral, Gianna Círio.

Olhando para trás, é possível projetar o quanto a atividade tem potencial para retomar sua grandiosidade. Afinal, em 2007, eram aproximadamente 15 mil ha ocupados com amoreiras e seis mil produtores. Com muitas empresas fechadas por não resistir as dificuldades financeiras da época, hoje a Bratac está soberana exportando para países como França, Itália, Suíça e Japão. "A seda é um produto de luxo e sofreu com a crise. Mas hoje o que percebemos é um grau de confiança mútuo entre a empresa e os sericicultores. Eles têm uma clientela para atender e isso dá uma certa segurança para quem está no campo."

Oswaldo da Silva Pádua é técnico da Emater de Nova Esperança (Noroeste) e gerente da câmara técnica do complexo seda do Estado, que congrega todos os elos da cadeia produtiva da sericicultura: indústria, produtores, pesquisadores, universidades para ações práticas na melhoria do setor. Ele explica que o ambiente entre a indústria e os produtores acabou se tornando favorável. "Houve uma mudança de mentalidade da indústria. Hoje sentamos em torno de uma mesa para discutir o crescimento do setor. Com isso, acontece uma melhor remuneração de forma gradativa."

Por fim, Pádua também bate na tecla da importância do Paraná para o mercado internacional de seda. "A China é o maior produtor, mas em termos de qualidade, o melhor fio de seda do mundo sai do Paraná. Hoje o mercado externo está aquecido e nós competimos nele."

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