A região norte do estado não possui tradição no cultivo da cebola. Aqui, o além do clima pouco propício, o solo argiloso demanda correção. ''A cebola exige bastante frio no inverno para formar o bulbo e de temperaturas baixas e mais amenas durante o restante da produção. O clima na região Norte não atende essas exigências'', afirma o agrônomo da Emater, Iniberto Hamerschimdt.
Em Uraí (26 km a oeste de Cornélio Procópio), o produtor Marcelo Hiroyuki Kobiraki e o pai Osvaldo Kobiraki, cultivam dois hectares de cebola orgânica, numa área de 100 hectares onde também estão lavouras de café, soja, trigo e milho. O cultivo da cebola começou em 2005, quando os agricultores, já conscientes da necessidade de evitar agrotóxicos, optaram por uma cultura rentável e rápida. ''Queria uma cultura que fosse colhida em época diferente das outras. Escolhi a cebola orgânica por ter um bom nicho de mercado'', justifica Marcelo.
Pai e filho entraram na atividade com o plantio de apenas um hectare em parceria com um vizinho. A boa rentabilidade fez com que em 2006, aumentassem a área plantada para 1,5 hectare. ''Melhoramos a produtividade e também a rentabilidade, mesmo com os preços baixos oferecidos para a cebola convencional''. Ainda segundo o produtor, a cebola orgânica foi vendida por R$ 1 o quilo, enquanto a convencional não chegou a R$ 0,40/kg.
Mesmo tendo o cultivo da cebola como mais uma opção de renda na propriedade, Marcelo Kobiraki fez um investimento maior para esta safra. Utilizando recursos do Pronaf, com uma linha de crédito específica para a produção orgânica ele plantou dois hectares e espera colher até 40 toneladas. ''Buscamos fazer sempre o melhor e aumentar nossa produtividade, apesar de não termos tecnologia suficiente'', admite. Lavouras com tecnologia de ponta chegam a colher até 60 toneladas por hectare.
De acordo com a engenheira agrônoma da Emater, Ernestina Isumi Muraoka, que atende o produtor, a variedade plantada (Super Ex) é precoce e de ótimo sabor (mais adocicado). Apesar de não ter muita durabilidade, o produto entra no vácuo de mercado. ''A colheita aqui acontece no final de julho. É a primeira safra a sair no estado, o que garante bom preço, tanto para a lavoura convencional, como para a orgânica''. (M.O)