A professora do Departamento de Economia Rural e Extensão do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Vania Di Addario Guimarães, avalia que a cadeia paraense na produção de commodities tem elos que funcionam com ótima eficiência, mas em outros casos ainda precisa de ajustes bem importantes. De pontos positivos, ele cita a produtividade, pesquisa e negociação dos produtos em nível mundial e, negativo, principalmente, a logística.

Ela explica que da porteira para dentro o produtor tem feito sua lição de casa, principalmente no que diz respeito ao aumento de produtividade e diminuição de custos. No que diz respeito à comercialização em bolsa de valores dessas mercadorias, a professora relata que o Brasil só conseguiu "um grau inicial de sucesso quando terminou o processo inflacionário". "Com a moeda mais forte, as negociações começaram bem lentamente e ganharam relevância. Acredito que hoje a BM&F Bovespa tem relevância para determinados produtos, mas poucos. As nossas commodities continuam sendo negociadas em bolsas internacionais".

No caso da Bolsa de Nova Iorque, a relevância está para o café arábica, cacau e açúcar, entre outros. Em Chicago, o complexo soja. Em Londres, o café robusta "Essas bolsas se tornaram o grande farol sinalizado onde todos operam, com alta liquidez e representatividade no mercado".

Vania, porém, relata que salvo algumas exceções, boa parte dos produtores paranaenses ainda não têm tanta familiaridade com esse tipo de negociação em bolsa de valores, até pelo aporte necessário para as transações. "Muitos pensam que o mercado futuro está relacionado a vendas antecipadas, com travamento de preços. Na verdade, mercado futuro está ligado à negociação direta em bolsa de valores. Geralmente, este conhecimento é das centrais de comercialização das cooperativas, que fazem o 'meio de campo' e têm clareza de como o preço é formado. É bom lembrar que quando se fala em commodity isso significa negócios em escala, que o produtor individualmente não consegue operar. Daí o papel importante do cooperativismo para trabalhar com grandes volumes".

De qualquer forma, a professora não acredita que os problemas de comercialização são de fato, os mais preocupantes da cadeia. "Não acredito em evolução nas negociações, mas sim em logística. Isso ainda é muito caro, ineficiente e com grandes perdas no processo, inclusive em operações portuárias. Muito ainda pode ser melhorado para se ganhar eficiência".

MOVIMENTAÇÃO RECORDE EM PARANAGUÁ
Os números dos três primeiros meses do Porto de Paranaguá apontam para uma boa movimentação de produtos, segundo a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), "a maior movimentação de todos os tempos para o período". Foram 11,67 milhões de toneladas operadas de janeiro a março, 77 mil toneladas a mais do que no ano passado. Entre os anos de 2011 e 2017, o porto bateu o recorde de movimentação do primeiro trimestre todos os anos.

Desde 2011 foram agregadas 3,35 milhões de toneladas na movimentação total do porto neste período, o que representa um crescimento de 40% nas operações. "A demanda é crescente e estamos dando conta disso. Com o passar dos anos, conseguimos movimentar mais carga e com mais agilidade, dando margem para novas operações", afirmou o secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho.

De 2011 a 2018, a expectativa é que os investimentos atinjam a marca de R$ 934 milhões. Os recursos estão sendo utilizados para a reforma do cais, campanhas periódicas de dragagem, troca de shiploaders (carregadores de navio), novas balanças, novas portarias, reforma dos acessos, instalação de scanners de carga, nova iluminação, construção de prédios administrativos, Centro de Proteção Ambiental, entre outros. (V.L.)