Não só as empresas, como também os órgãos públicos e pessoas físicas estão dispostas a fazer investimentos em tecnologias ecológicas em suas construções. Por isto, o mercado brasileiro tem registrado o crescimento de produtos e serviços especializados, como o fornecimento de coberturas revestidas de vegetação – os chamados ‘‘telhados verdes’’. Além do fator estético, os benefícios dos telhados verdes incluem a variação térmica, a melhoria da qualidade do ar, a absorção de gases estufa e a retenção e limpeza da água da chuva, o que pode diminuir o risco de enchentes.
  Com menor variação térmica, edifícios verdes tendem a consumir menos energia nos sistemas de aquecimento e refrigeração. ‘‘Um edifício verde gasta de 30% a 40% menos de energia que um convencional’’, estima José Manuel Feijó, diretor executivo da Ecotelhado e presidente da Associação Telhado Verde Brasil. Segundo o executivo, o mercado brasileiro para telhados verdes cresce de 70% a 100% anualmente desde 2005.
  Por possibilitar a implantação de áreas verdes em locais onde há pouco espaço disponível e altas taxas de impermeabilização do solo, os telhados verdes são incentivados com programas governamentais de isenção fiscal no mundo todo.
  Como a tecnologia estabelecida na Europa e nos Estados Unidos é adaptada a materiais e a um clima diferente do encontrado normalmente no Brasil, é comum que as empresas desenvolvam seus próprios produtos para atuar no País. ‘‘No Brasil, foi criado um substrato diferente do americano e do europeu e com um sistema mais inteligente e simples de encaixe, que funciona como um lego’’, diz Feijó. As peças vêm com espaço para reservatório de água, o que diminui a necessidade de irrigação.
  Nós engenheiros civis temos em geral pavor de telhados verdes, chegamos a ficar arrepiados quando se fala disso, achamos que haverá vazamentos e que teremos problemas com nossos clientes. Porém, temos que mudar nossos conceitos. A tecnologia evoluiu muito, não é mais necessária a colocação de terra na cobertura, sobrecarregando a estrutura e fundação.
  Simplesmente colocamos caixas de plástico, com cerca de 50 x 70 cm, contendo um substrato vegetal com cerca de 3 cm de espessura, no qual é semeada uma vegetação nativa que não precisa de irrigação, já que pertence ao bioma de sua região, onde está acostumada a temperatura, umidade e pluviosidade local. Esta técnica, além do conforto térmico que transmite à construção, a embeleza e a deixa integrada à natureza.

Fernando de Barros é engenheiro civil, especialista em Planejamento e Gestão Ambiental, mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento e responsável técnico da Master Ambiental. Sugestões de temas: [email protected].