Imagem ilustrativa da imagem 'Mato' do mal
| Foto: Celso Pacheco
"Custo de produção pode crescer até 400% para se controlar plantas resistentes", calcula o pesquisador da Embrapa Soja Fernando Adegas



Desde os primórdios da agricultura, as plantas daninhas estão presentes nas lavouras e o agricultor sabe bem o que elas representam para a atividade. Existe uma competição natural delas com as culturas agrícolas em busca de água, luz e nutrientes. Se o ambiente é favorável, lá estão elas, oportunistas, causando prejuízos financeiros e de produtividade. No entanto, no anseio de se livrar deste mal, literalmente, pela raiz, o produtor muitas vezes usa herbicidas de forma incorreta, piora a situação, com a seleção de plantas resistentes, e deixa de lado outras estratégias eficientes que podem solucionar este embate.
Com o tema "Ciência das Plantas Daninhas: conhecimento e tecnologia a serviço do agricultor", o XXX Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas (CBCPD) pretende reunir cerca de mil participantes entre as próximas segunda e sexta-feira, em Curitiba.
A programação do congresso será distribuída em painéis, palestras e mesas redondas ministrados por especialistas de diversas instituições de pesquisa do Brasil e do exterior. Além disso, serão apresentados em sessões orais e de pôsteres mais de 800 trabalhos sobre plantas daninhas.
O pesquisador da Embrapa Soja e presidente do evento, Fernando Adegas, não tem dúvidas de que as plantas daninhas resistentes ao glifosato são as que atualmente trazem mais dor de cabeça ao produtor. São oito espécies no Brasil, sendo a buva e o capim amargoso as duas mais disseminadas. "Além disso, foi introduzida, recentemente, a Amaranthus palmeri, detectada no Cerrado (no caso, Mato Grosso) no ano passado", exemplifica.
No contexto atual do agronegócio, Adegas comenta que está mais difícil e caro de controlar plantas resistentes. Algumas delas, capazes de reduzir a produtividade de uma safra em até 80%. "Isso, na prática, não acontece porque os produtos que temos no mercado acabam controlando o cenário de plantas daninhas. Hoje se evitam perdas maiores, mas o custo de produção pode crescer até 400% para se controlar plantas resistentes", completa o pesquisador.
Ele relata ainda que atualmente existem 26 mecanismos de ação contra essas plantas oportunistas, mas o produtor acaba concentrando a solução, equivocadamente, em produtos específicos, como é o caso do glifosato. "Quando se trata do controle químico, temos ferramentas, mas não estamos utilizando-as adequadamente. Todas as tecnologias têm aspectos positivos e negativos, mas estamos evidenciando mais os negativos. O glifosato é um ótimo produto, mas sua utilização maciça acabou selecionando plantas resistentes. O que estava tranquilo se tornou preocupante no mundo inteiro."